ECONOMIA

Líder de caminhoneiros convoca sociedade para protestar contra aumentos

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Por ECONOMIA JB
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Publicado em 11/03/2022 às 07:43

Alterado em 11/03/2022 às 07:43

Caminhoneiros bloqueiam parcialmente a rodovia Castello Branco, em São Paulo, como parte de uma paralisação nacional protestando contra o alto preço do combustível e baixo valor na tabela de fretes (arquivo) Foto: Folhapress / Paulo Lopes/BW Press

Renée Pereira - A alta de 25% no diesel causou indignação entre os caminhoneiros. Mas, desta vez, eles não querem brigar sozinhos para a redução dos custos. O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, afirma que essa não é uma pauta só dos caminhoneiros, mas de toda sociedade. “Como ocorreu em 2013, com as passagens de ônibus, chegou a hora de toda população protestar, pois isso vai acabar no bolso de todo consumidor.”

Ele explica que se os aumentos forem repassados para o frete, todos os produtos vão encarecer nos supermercados, lojas e shoppings. Questionado sobre uma paralisação apenas dos caminhoneiros, ele diz que isso pode ocorrer de uma forma natural, mas não orquestrada. Ou seja, com o aumentos dos custos, muitas viagens pode ser tornar inviável economicamente. Ninguém vai trabalhar no prejuízo, diz ele.

“No segmento de transportes, o que sustenta um caminhão é o petróleo. Além do diesel, temos o pneu, lubrificantes, filtros (tudo vai ter reajuste). Como o motorista vai sobreviver.” Chorão não acredita que as medidas que estão sendo propostas pelo governo serão suficientes para reverter a situação. “É tapar o sol com a peneira. É apenas um paliativo.”

Ele defende que se coloque um fim ao preço de paridade de importação (PPI) adotado pela Petrobras e das privatizações das refinarias. “O que temos de ter em mente é que não parou por ai. Daqui a pouco vem mais 11% de reajuste.”

Ontem, após 57 dias, a Petrobras anunciou aumento de 25% do diesel e de 19%, da gasolina. Com a escalada dos preços do petróleo por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, a estatal não conseguiu segurar os reajustes. Ainda assim, o preço no mercado interno está abaixo do avanço da commodity no mercado internacional.

 

Greve de 2018

O assessor executivo da presidência da Confederação Nacional de Transportadores Autônomos (CNTA), Marlon Maues, diz que está se criando uma equação semelhante a de 2018, quando houve a greve dos caminhoneiros. “Hoje há um descontentamento geral com a situação, seja por parte das transportadoras, agronegócio e outros agentes da sociedade.”

Além dos caminhões, lembra ele, colheitadeiras, trens e ônibus também usam diesel. Portanto, o movimento contrário aos aumentos de ser em conjunto com toda a sociedade. “O caminhoneiro não pode ser usado como massa de manobra.”

 

Paralisação técnica

Maues afirma que alguns segmentos já decidiram por uma paralisação técnica, como os cegonheiros e transportadores de combustíveis. Nesses casos, os caminhões farão suas entregas e voltarão para suas bases - ninguém vai parar rodovias. Isso porque o custo ficou inviável para manter a operação. “O aumento fez com que o sistema entrasse em colapso.”

Wagner Jones Almeida, outro assessor da CNTA e empresário do ramo de transporte de combustível, confirmou a informação. “Já havia uma defasagem nos preços do frete de 24% a 25%. O novo aumento inviabilizou o custo, pois as empresas já não aceitavam reajustar os valores.” (com Agência Estado)

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