ECONOMIA
Após prejuízo no 2º trimestre de 2020, Itaú volta aos lucros
Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 03/08/2021 às 08:07
Alterado em 03/08/2021 às 08:07
Pelas normas de contabilidade da International Financial Reporting Standards (IFRS), o Itaú Unibanco teve prejuízo de R$ 1,903 bilhão no 2º trimestre de 2020, quando absorveu fortes impactos de baixas contábeis e provisões para a pandemia da Covid-19. Mas sacudiu a poeira e voltou aos lucros, com resultado líquido de R$ 8,739 bilhões no 2º trimestre de 2021, numa guinada de R$ 10,6 bilhões, em parte engordadas pela venda de participações na XP. No 1º semestre deste ano, o banco acumulou, pela IFRS, lucro de R$ 14,959 bilhões, 742,76% acima do magro lucro de R$ 1,775 bilhão nos primeiros seis meses de 2020.
Pelas normas contábeis brasileiras (BRGAAP), o Itaú Unibanco teve lucro líquido recorrente contábil de R$ 6,543 bilhões, um aumento de 2,3% sobre o 1º trimestre deste ano e de 55,6% sobre o 2º trimestre de 2020. Mas o resultado semestral mostrou evolução mais próxima das normas do IFRS. Em 2021 o banco já acumula ganho de R$ 12,941 bilhões, com aumento de 59,4% sobre os R$ 8,117 bilhões de igual período de 2020. O Santander inaugurou a temporada dos lucros trimestrais no Brasil. Na 4ª feira Bradesco e Banco do Brasil vão apresentar os resultados.
Os números do Itaú Unibanco são um pouco distorcidos porque englobam os resultados de sua operação na América Latina. Os negócios do Brasil responderam por 93,4% dos lucros (R$ 6,112 bilhões), enquanto as operações na AL somaram R$ 431 milhões, ou 6,6% do resultado. A CorpBanca, com forte operação no Chile e filiais no Peru e Colômbia, lucrou R$ 148 milhões. O Itaú no Paraguai ganhou R$ 104 milhões, o Itaú Uruguai engordou em R$ 79 milhões os lucros e a Argentina, teve ganhos de apenas R$ 50 milhões.
Ganhos no Atacado superam o Varejo
No Brasil, o Itaú se divide em três unidades: Banco de Varejo, Banco de Atacado e Atividades de Mercado e Corporativas (Tesouraria). O banco de Varejo, que compreende operações com pessoas físicas, incluindo cartões de crédito, financiamento a veículos, imóveis, crédito pessoal e pequenas e microempresas, teve lucro trimestral de R$ 2,435 bilhões, um aumento de 10,2% frente ao 1º trimestre deste ano e de 37,2% em relação ao 2º trimestre de 2020.
No 1º semestre o Banco de Atacado (Itaú BBA, que opera com grandes empresas e faz operações com a América Latina e o exterior), teve ganhos de R$ 2.529 bilhões, um aumento de 3.1% no trimestre e de 206,6% em relação ao 2º trimestre de 2020.
As operações de mercado e corporativas, refletindo a redução das margens financeiras, tiveram encolhimento de 8,9% no lucro do 2º trimestre (R$ 1,579 bilhão) sobre o 1º e de 1,7% sobre os R$ 1,606 bilhão do 2º trimestre de 2020.
Empréstimos e inadimplência
Os dados de inadimplência estão crescendo - subiram nas operações com atraso de 15 a 90 dias devido à entrada em atraso de um cliente específico na América Latina, que aumentou 1,9 ponto percentual, atingindo 3,9%. Mas já há provisões para tal, garante o Itaú. Excluindo o efeito deste caso específico, índice de inadimplência entre 15 e 90 dias total teria ficado em 1,9% e o índice da América Latina, 1,7%.
No Brasil, a redução do atraso em crédito pessoal e em cartão de crédito, levou o índice do segmento de pessoas físicas ao menor patamar desde a fusão entre Itaú e Unibanco. O índice geral de pessoas físicas estava em 3,6% (3,9% em março de 2021). De acordo com o balanço, o crédito total às pessoas físicas somava R$ 278,9 bilhões em junho, com aumento de 7,1% no trimestre e de 22,3% em 12 meses.
Os créditos às pessoas físicas continuavam superando os empréstimos às pessoas jurídicas, que atingiu R$ 250 bilhões em junho, com queda de 2,4% no trimestre e aumento de modestos 9,3% em 12 meses.
A inadimplência no segmento de grandes empresas reduziu em relação ao trimestre anterior, atingindo 0,3%, o menor patamar desde 2012. Em parte, porque com os juros baixos, as grandes empresas captam recursos em ações ou títulos próprios de crédito.
Em compensação, aumentou o índice de inadimplência entre as micro, pequenas e médias empresas, que estava em 1,7% em dezembro, subiu para 2,5% em março e fechou junho em 2,6%. O Itaú atribuiu o fato ao fim da carência de contratos que foram renegociados nos períodos anteriores (2020).