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Economia fraca no Brasil pesou contra Macri, avalia governo argentino

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Quando Mauricio Macri assumiu a Presidência, em 2015, o Brasil vivia em plena crise política e econômica.

Durante todo o seu mandato, conviveu com três presidentes brasileiros, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Com eles, a recessão, o impeachment e o turbulento processo eleitoral brasileiro. 

A avaliação que se faz na Casa Rosada é que o baixo crescimento econômico do Brasil foi um dos fatores que colaboraram para que a crise argentina se instalasse, e que o governo de Macri não conseguisse de fato decolar. Se o Brasil tivesse se mantido com uma economia forte, também a Argentina poderia ter um desempenho melhor. 

Num cálculo do ex-ministro da Economia, Nicolás Dujovne, para cada 1 ponto percentual de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, a Argentina automaticamente cresce 0,5 ponto percentual, devido à forte vinculação do comércio entre os dois parceiros.

Outro fator externo que incidiu no desgaste da gestão foi a guerra comercial entre China e Estados Unidos. 

Macri busca a reeleição com um cenário muito difícil. Foi derrotado pelo candidato da oposição, o kirchnerista Alberto Fernández, na votação primária, por uma diferença de 15 pontos, algo que a maioria dos analistas e do meio político considera muito difícil de reverter.

Fernández obteve 47%, e Macri, 32%. Para vencer as eleições na Argentina num primeiro turno é necessário que um candidato atinja 45% ou mais de 40%, sendo que com uma diferença de dez pontos percentuais com relação ao segundo.

A Casa Rosada, porém, avalia que a relação bilateral melhorou muito com Bolsonaro, segundo um funcionário do governo. Apesar do que muitos diziam, de que o governo brasileiro não priorizaria o Mercosul ou a Argentina, disse o funcionário, Bolsonaro se mostrou com muita iniciativa para dar novo vigor à relação. 

Dados do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior do Brasil (MDIC), a balança comercial bilateral teve um superávit de U$S 31 milhões para a Argentina.

Ambos presidentes vêm se relacionando tão bem que foi Macri quem aproximou, durante o G20 no Japão, Bolsonaro do líder francês, Emmanuel Macron. Segundo relatos de que quem acompanhou o momento, foi Macri quem pediu a Bolsonaro que conversassem com o francês. E que o brasileiro teria dito: "Se você é amigo do meu amigo, também é meu amigo". Ambos a princípio tiveram um bom entendimento, mas depois vieram as divergências em relação aos incêndios na Amazônia.

Para Macri, ficou implícito no encontro que o Brasil deveria aceitar seguir integrando ao acordo de Paris para garantir um tratado efetivo entre Mercosul e União Europeia -outro entendimento que tende a ficar em suspenso se Fernández ganhar a eleição. O candidato kirchnerista diz que o acordo com o bloco europeu é apenas uma "carta de intenções" e que seria revisto em sua eventual gestão.

Segundo a Casa Rosada, ainda, teria partido do Brasil, durante uma visita oficial de Bolsonaro ao país, a ideia de criar uma moeda única, o chamado "peso-real", algo hoje inviável dadas as diferenças financeiras entre os dois países. A inflação da Argentina, por exemplo, está em 54% ao ano, enquanto a do Brasil caiu para 3,2% ao ano. 

Brasil e Argentina também trabalhavam em conjunto para uma aproximação mútua com os EUA. Estavam em curso conversações que envolviam os dois presidentes sul-americanos e o presidente americano  Donald Trump.

O candidato peronista de oposição Alberto Fernández visitou Lula na cadeia, em Curitiba, e saiu da reunião com um boné escrito "Lula livre", expressão que repetiu depois em entrevistas aos meios locais. 

Para os auxiliares de Macri, acredita-se que, com esse gesto, Fernández falou aos 30% do peronismo radical.

Bolsonaro, por sua vez, tem atacado os kirchneristas, mas os macristas dizem que isso não ajudaria ou atrapalharia seu candidato, já que ala radical do peronismo considera positivo que Bolsonaro continue alimentando a polarização política argentina. (Mariana Carneiro e Sylvia Colombo/FolhaPress SNG)