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BNDES impõe prazo para 'explicar caixa-preta'

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O novo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Gustavo Montezano, apresentou a funcionários nesta sexta-feira (12) a nova diretoria do banco.

Na apresentação, há um cronograma de atividades que termina, na oitava semana, com a meta de "explicar a 'caixa-preta'" do banco.

Montezano tomará posse no lugar de Joaquim Levy, que pediu demissão em junho.

Quando assumiu o cargo, Levy anunciou a reestruturação na instituição com reduções e mudanças de cargos, mas não conseguiu abrir a tal caixa-preta, promessa de campanha de Jair Bolsonaro.

A apresentação desta sexta diz que o BNDES "deve ser sustentável e não necessariamente lucrativo" e deve ter "atuação complementar e pioneira".

"Não competir onde o privado pode atuar", diz também.

Nas metas do novo comando está a "segregação mais clara" de áreas de negócio e de suporte e entre as diretorias de Negócios de Serviços e as de Crédito/Investimentos.

Também está prevista a criação de uma diretoria de Recursos Humanos, uma de Compliance e uma de Relações Institucionais e Governos.

Foi apresentada ainda a nova estrutura de diretores, alguns deles temporários, enquanto Montezano busca nomes para preencher as vagas.

Chama a atenção na nova composição a presença de quadros do TCU. O novo comando do BNDES busca uma composição com o Tribunal de Contas da União, que protagonizou embates com as últimas gestões do banco.

Em abril, o tribunal condenou Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES, a seis anos de inabilitação para cargos públicos, além de multa de R$ 50 mil. A sanção é resultado da análise da participação dele nas chamadas "pedaladas fiscais" no governo Dilma Rousseff.

O novo diretor jurídico do banco, Saulo Benigno Puttini, é ex-auditor do TCU, e o de Compliance, Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, é auditor do tribunal.

O diretor financeiro será, na transição, José Flávio Ramos, hoje presidente interino.

Relacionamento Institucional e Governo ficará com Adalberto Vasconcelos, demitido no dia 5 do cargo de secretário especial do PPI (Programa de Parcerias e Investimentos).

Ele estava no cargo desde o governo Temer e deixou o "‹PPI após a reformulação das secretarias vinculadas ao Planalto. O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) afastou-se da coordenação política e assumiu atribuições como o PPI.

A chefia de Operações ficará com Ricardo Wiering de Barros, diretor de programa da Secretaria Especial de Desestatização. Fábio Almeida Abrahão, assessor especial de Paulo Guedes, assume a Assessoria de Infraestrutura.

Crédito e Garantia ficam com Petrônio Duarte Cançado, engenheiro que foi sócio de Guedes na gestora BR Investimentos entre 2008 e 2011.

A Assessoria de Privatizações fica sob comando de Leonardo Cabral, que tem no currículo passagens por Ambev, Petrobras e Credit Suisse.

Para José Velloso, presidente da Abimaq (associação da indústria de máquinas), Adalberto Vasconcelos "é um nome fantástico, que sempre fez um trabalho sério, e é um quadro valioso para estruturar projetos de infraestrutura".

Velloso defende que o BNDES priorize a retomada de financiamentos a pequenas e médias empresas, com crédito a juros menores, além do fomento à exportação.

"A investigação sobre a caixa-preta não pode ser o foco, existem órgãos competentes para isso, como a polícia. Diretor de banco não pode ter a competência medida por como conduz uma investigação, não se preparou para isso", diz.

"O BNDES deve retomar a liberação de crédito. O papel do presidente do banco não é levantar caixa-preta, isso é coisa de Justiça, polícia e Ministério Público. Se tivesse algo, já deveria ter aparecido", diz José Ricardo Roriz Coelho, ex-presidente da Fiesp.

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