SÃO PAULO (Reuters) - A transmissora de energia Taesa está de olho em oportunidades de aquisição, em uma estratégia que pode envolver até parcerias para a disputa por ativos de grande porte, disseram à Reuters executivos da companhia.
A elétrica, controlada pela estatal mineira Cemig e pela colombiana Isa, quer aproveitar para ir às compras antes de 2021, quando projetos que conquistou em licitações recentes deverão começar a exigir maiores desembolsos.
"Até recebermos as licenças para começar a obra desses projetos, não vemos nenhum problema de alavancagem para a empresa... Ainda tem um espaço, até 2021, para fazer operações de fusões e aquisições", afirmou o presidente-executivo da Taesa, Raul Lycurgo Leite.
A transmissora fechou o primeiro trimestre com uma alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e geração operacional de caixa (Ebitda) de 1,7 vez, considerada baixa para uma empresa de infraestrutura.
O compromisso da Taesa é manter o indicador abaixo de 4 vezes nos próximos anos ao mesmo tempo em que mantém sua generosa política de distribuição de dividendos, afirmou Leite, acrescentando que por isso a empresa pode avaliar parcerias para eventuais oportunidades de aquisição de ativos de grande porte.
"A depender do ativo, pode ser que não 'caiba', então poderíamos arrumar um parceiro ou ir com um sócio financeiro", explicou.
Mas também estão no radar ativos menores, como lotes de projetos arrematados em leilões recentes por empresas de construção ou fundos de investimento, dada a tendência de que esses agentes não mantenham os ativos por longo prazo.
Um levantamento feito pela Taesa mostra que ativos de transmissão em operação ou construção que somam uma receita anual total de 5,5 bilhões de reais estão espalhados pelas mãos de 82 diferentes empresas que não fazem parte do grupo de investidores tradicionais em transmissão.
"Isso vai gerar grande número de oportunidades 'brownfield' no futuro", disse o diretor financeiro da Taesa, Marcus Pereira Aucélio.
"A Taesa tem uma presença no mapa que faz com que quase qualquer ativo para nós faça sentido, à exceção da região ali mais pela Amazônia", apontou.
ELETROBRAS
Uma oportunidade que desde já está na mira da empresa é a aquisição de fatias minoritárias detidas pela estatal Furnas, da Eletrobras, em duas concessões de transmissão recém-adquiridas pela Taesa junto à Âmbar Energia, braço do grupo J&F para negócios no setor elétrico.
Furnas é sócia minoritária de dois dos projetos comprados da Âmbar, com fatias de 49% e 39%, e recentes desinvestimentos da Eletrobras sinalizam que eventualmente a empresa poderia ter interesse em sair dos ativos, apontou o CEO da Taesa.
"Num futuro próximo, a Eletrobras pode vender, e aí teríamos direito de preferência", disse Leite.
No ano passado, a Taesa anunciou a compra de 51% dos empreendimentos, situados em Minas Gerais, São Paulo e Goiás.
Ele afirmou ainda que decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre desestatizações, ao avaliar a venda da empresa de gasodutos TAG pela Petrobras, poderia inclusive abrir caminho para uma venda direta desses ativos, sem necessidade de um processo formal de licitação ou aprovação de lei.
LEILÕES
Apesar do interesse em aquisições, a Taesa também mantém apetite por leilões do governo federal para a viabilização de novos projetos de transmissão.
O próximo certame está agendado para 19 de dezembro e deverá oferecer 13 lotes de empreendimentos que totalizam necessidade de cerca de 4 bilhões de reais em investimentos.
"Olhamos também o crescimento orgânico. Onde houver oportunidades, vamos atrás. Já estamos analisando todos os lotes do próximo leilão", disse Leite.
Segundo ele, isso não significa que a empresa fará propostas por todos os lances, mas possibilitará que a Taesa avalie aqueles lotes que têm maior sinergia com suas operações e em quais pode ser mais competitiva na disputa.