
O ex-diretor-geral da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, deixou de justificar 11 milhões de euros (R$ 48 milhões) em gastos à frente da joint venture entre as montadoras francesa e japonesa.
A conclusão é de uma auditoria contratada pela empresa, sediada na Holanda.
O levantamento elenca despesas ligadas a viagens pessoais do executivo (em aviões da companhia), a compra de um relógio de marca de luxo, idas ao Festival de Cannes, realizado em um dos balneários mais sofisticados (e caros) da Côte d'Azur.
Há ainda doações a entidades sem fim lucrativo cujo propósito não está claro.
A apuração teve início pouco depois da prisão de Ghosn no Japão, em novembro de 2018, sob a acusação de não declarar uma fatia de seus vencimentos à frente da Nissan. Ele foi imediatamente demitido pela firma.
Em seguida, surgiu a alegação de que o dirigente teria usado recursos da empresa asiática para cobrir perdas pessoais com investimentos, o que deu à Promotoria de Tóquio repetidas oportunidades de solicitar a extensão da detenção provisória dele.
O julgamento de Ghosn, afastado do comando da Renault em janeiro de 2019, pode só acontecer em 2020.
Ele foi solto pela segunda vez no fim de abril, depois de pagar uma fiança equivalente a 4 milhões de euros, mas não pode deixar o Japão.
Na quarta, o conselho de administração da Renault orientou a cúpula da montadora a conversar com a Nissan sobre possíveis caminhos jurídicos na Holanda para processar Ghosn e exigir que ele indenize a aliança que presidiu.