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Clientes no Ocidente congelam pagamentos à Rússia após petróleo contaminado

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MOSCOU (Reuters) - Total e ENI pararam pagamentos a empresas russas que venderam a elas petróleo contaminado, dizendo que irão pagar apenas quando uma compensação for acertada, disseram fontes comerciais, ampliando uma disputa sobre o que as empresas dizem ser a maior interrupção à oferta russa de petróleo.

As petroleiras francesa e italiana disseram a seus fornecedores, incluindo as russas Rosneft e Surgut, que estarão prontas a realizar os pagamentos quando a extensão dos danos ficar clara e que pagarão pelo petróleo uma vez que a oferta sem contaminação for retomada, de acordo com as fontes.

"Por que alguém iria querer pagar por esse petróleo? Falando estritamente, isso não é petróleo, e ninguém na Rússia é capaz de explicar claramente quem irá compensar quem e quando", disse uma fonte comercial familiar com o tema.

O pagamento por milhões de barris de petróleo contaminado, que estão parados há semanas nos oleodutos, deveria ter acontecido em 15 de maio.

Em teoria, compradores ocidentais podem recusar pagar pelo petróleo que compraram sem saber que estava contaminado, uma vez que cada contrato para a venda de petróleo é acompanhado por um "passaporte" de qualidade que mostrará que o produto não estava dentro dos padrões.

As vendas pelo oleoduto de Druzhba, no entanto, são guiadas pela lei russa, que define que o pagamento deve ser feito e, se a qualidade não for suficiente, deve haver um pedido de compensação pelos danos, que pode então levar meses ou anos para ser processado.

"Nossa posição é clara. As companhias ocidentais devem pagar e então submeter seus pedidos de compensação por danos para que possamos endereçá-las depois", disse uma fonte comercial de uma petroleira russa.

Produtores russos já pagaram taxas, como impostos de exportação e de extração mineral para o governo russo pelo petróleo que venderam em abril, o que os coloca sob pressão para recuperar o dinheiro que esperavam receber dos compradores.

Total, ENI, Rosneft e Surgutneftegaz não responderam a pedidos de comentário.

A Bielorrússia estimou os volumes de petróleo contaminado em cerca de 9 milhões de barris, o que em circunstâncias normais valeria mais de 500 milhões de dólares aos preços atuais.

"Esta é provavelmente a maior ruptura no fornecimento de petróleo da Rússia em todos os tempos. O petróleo ao longo do (oleoduto de) Druzhba continuou a fluir durante a revolta da Primavera de Praga em 1969, e em 1991 quando a União Soviética entrou em colapso", disse uma segunda fonte comercial.

A única ruptura significativa anterior nas exportações da Rússia via Druzhba ocorreu no final da última década, quando Moscou suspendeu os embarques por três dias devido a uma disputa de preços com a Bielorrússia.

(Por Olga Yagova e Dmitry Zhdannikov e Gleb Gorodyankin)