O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai se reunir na tarde desta sexta-feira com os negociadores comerciais chineses, em um esforço para acabar com a guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas.
A notícia desta reunião, que acontecerá às 19h30 GMT (16h30 de Brasília) no Salão Oval da Casa Branca, bem como rumores sobre algum progresso, acalmou os mercados na Europa e nos Estados Unidos.
"Os mercados estão se beneficiando desse aparente progresso nas negociações com a China. Já fizeram as pazes com a China antes que os americanos tenham sucesso: a guerra comercial acabou para eles. Espero que não fiquem desapontados", disse Gregori Volokhine, analista da Meeschaert Financial Services, em Nova York.
Na segunda-feira, começou a quarta rodada de contatos entre os dois países, primeiro no nível dos altos funcionários e, desde quinta-feira, com os principais negociadores em cena: o representante comercial Robert Lighthizer, do lado americano, e o o-ministro, Liu He, do lado chinês.
Será Liu He, máximo representante da delegação asiática, que se reunirá nesta sexta-feira com Trump.
Enquanto isso, a ameaça de Washington de aumentar em 1 de março, de 10% para 25%, as tarifas sobre as US$ 200 bilhões em importações chinesas, se não houver acordo.
O presidente chinês, Xi Jinping, também se reuniu na semana passada com enviados dos EUA em Pequim - Lighthizer e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin - em um sinal de que ambos os líderes estão acompanhando de perto as negociações.
Trump insinuou que poderia adiar o prazo de 1º de março e disse que o acordo final teria que ser endossado em uma cúpula com Xi.
As autoridades norte-americanas acusam Pequim de buscar a liderança industrial global por meio de uma série de práticas comerciais injustas, incluindo o suposto roubo de propriedade intelectual e a intervenção do Estado nos mercados de commodities.
Washington exige mudanças estruturais profundas por parte de Pequim para impedir o roubo de tecnologia americana, bem como os subsídios maciços e as vantagens concedidas a empresas estatais chinesas.
Mas analistas alertam que será difícil para os líderes chineses adotar tais medidas e, em vez disso, deverão propor um aumento significativo na compra de produtos americanos para reduzir seu superávit comercial, uma questão sensível para Trump, que considera o déficit com a China um assalto aos Estados Unidos.
Os mercados de valores mobiliários e a comunidade empresarial não são os únicos que acompanham as negociações de perto. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, cuja instituição enfatizou repetidamente o efeito prejudicial da guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo, também supervisiona as discussões.
"Eu cruzo meus dedos todas as manhãs e os dedos dos pés todas as noites porque espero que isso termine de uma maneira que conserte a dinâmica, e não a destrua, porque estou convencida de que o sistema precisa ser consertado", disse ela ao programa da rádio pública americana Marketplace.
"Então, se o resultado das discussões entre as equipes de negociação comercial dos Estados Unidos e da China nos levar a uma estrutura na qual os subsídios estão bem definidos, a noção de empresa pública é bem definida, a propriedade intelectual é protegida, onde o comércio é incentivado com base no respeito por regras que são justas, livres e para o benefício de todos, então será realmente um progresso", declarou Lagarde.
O Federal Reserve (Fed) alertou na sexta-feira que uma "intensificação das tensões comerciais" e um Brexit sem acordo são riscos para a perspectiva econômica dos Estados Unidos, mas também para a estabilidade financeira global.