Representantes dos Estados Unidos e da China iniciaram uma rodada de negociações de última hora nesta quinta-feira para tentar resolver um confronto comercial que preocupa mercados e industriais há quase um ano.
O representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e, do lado chinês, o vice-primeiro-ministro, Liu He, vão participar de dois dias de reuniões.
Essas discussões são a continuação de mais uma rodada de dois dias de trabalho na capital americana entre delegações dos dois países, das quais quase nada vazou.
Depois de reconhecer que as discussões são "muito complexas", o presidente Donald Trump garantiu na terça-feira que se encaminhavam "muito bem".
"Acho que os dois presidentes", Trump e Xi Jinping, "ordenaram aos negociadores que concluíssem um acordo", avalia David Dollar, especialista em economia chinesa do Brookings Institution, um centro de pesquisa sem fins lucrativos com sede em Washington.
"Mesmo com um pouco de flexibilidade no prazo, há muita pressão sobre os dois (Lighthizer e Liu He)", afirmou à AFP, um ex-executivo do Tesouro dos Estados Unidos na China.
"Acordo de fachada em perspectiva", comentou William Reinsch, um think tank do centro CSIS de Washington. "Compromisso com efeito de anúncio", disse, por sua vez, Gary Clyde Hufbauer do Instituto Peterson de Economia Internacional (PIIE).
"O certo é que parece haver um certo acordo no horizonte". acrescentou.
"Tenho certeza de que terminará em algo que será muito cosmético, e que representará menos do que o pedido", disse Reinsch, que foi subsecretário de Estado do governo Clinton.
Assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse na terça-feira que o fato de as negociações "ainda estarem acontecendo é um sinal positivo".
As autoridades norte-americanas acusam Pequim de buscar a liderança industrial global por meio de uma série de práticas comerciais injustas, incluindo o suposto roubo de propriedade intelectual e a intervenção do Estado nos mercados de commodities.
A Casa Branca também quer cobrar o compromisso da China de conter a desvalorização de sua moeda frente ao dólar, o que poderia compensar o impacto de novas tarifas, segundo a agência Bloomberg.
Se houver acordo, o governo americano estaria considerando a possibilidade de uma cúpula entre Xi e Trump nas próximas semanas? Em Pequim ou Washington?
"Os dois campos têm orgulho: se o presidente Trump convidar o presidente Xi para sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, com todas as honras correspondentes, acho que o presidente chinês concordará", conclui o especialista da Brookings.
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