ASSINE
search button

Inadimplência cresce 6%

Atraso dispara entre aposentados usados pela família para levantar consignado com juros menores

Marcelo Camargo/Agência Brasil -
Ao tomar crédito consignado para membros da família, idosos estão caindo na inadimplência
Compartilhar

A eleição passou, mas a questão da inadimplência, uma das propostas do candidato Ciro Gomes (PDT) para tentar desatar o nó do consumo das famílias e reativar a economia, só fez aumentar. Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) o número de consumidores incluídos na lista do SPC atingiu 63,1 milhões em novembro, com aumento de 6,03% sobre igual mês de 2017. Também houve alta de 1,9% nos atrasos no mês passado.

Macaque in the trees
Ao tomar crédito consignado para membros da família, idosos estão caindo na inadimplência (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A região que mais contribuiu para o aumento da inadimplência foi o Sudeste, com alta de 12,5%, para 26,72 milhões de inadimplentes, ou 40% dos consumidores locais. A região com mais consumidores em atraso, em relação à população, é o Norte. Houve aumento de 1,4% nos atrasos que chegaram a 5,65 milhões de pessoas (47% da população da região). No Sul cresceu 2,1%, para 8,41 milhões de inadimplentes; e de 1,6% no Nordeste, onde há 17,22 milhões de devedores em atraso. A única região que registrou baixa nos devedores em atraso foi o Centro-Oeste, com redução de 2,7%, para 5,09 milhões de inadimplentes.

As dívidas com instituições financeiras continuam ocupando a maior fatia do total de dívidas que estão em atraso no país: 51% das pendências são devidas a essas empresas. Logo depois estão os serviços de comunicação (15%), crediário no comércio (17%) e contas de água e luz (9%).

Idosos sob pressão

O dado mais incrível do levantamento foi o crescimento da inadimplência entre os consumidores de maior idade. Isso se explica pelo fato de que as taxas de financiamento dos aposentados do INSS (mediante desconto em folha dos valores pagos na aposentadoria) é das mais baixas do mercado, com 27,3% ao ano, em média, em outubro, segundo dados do Banco Central, contra a média de 120,9% ao ano no crédito pessoal não consignado.

Nessa área há também um grande avanço das financeiras que escalpelam os clientes inscritos no SPC oferecendo novos créditos. A Crefisa, patrocinadora do campeão brasileiro Palmeiras, cobrava juros de 822,33% ao ano, segundo levantamento do BC, entre 20 e 26 de novembro. A Agibank, que patrocina o Corínthians, não ficava atrás: 916,29% ao ano no período.

E os aposentados são usados pela família para alavancar o crédito do clã quando um ou mais membros do núcleo familiar fica desempregado. O resultado desta prática foi assutador em novembro. Como houve a Black Friday, dia 23 de novembro, e estamos às vésperas do Natal, a situação tende a se agravar.