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JB no campo: Como crescer com essa concentração econômica

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O Brasil, basta olhar para os lados, é o paraíso da concentração. Isso é bom, muito bom ou, ruim? Não se discute, não se sabe. Em quase todos os setores da economia, algumas poucas empresas têm mais de 70% do mercado setorial.

Veja por você mesmo. Está colocando combustível no seu carro? Tomando uma cerveja ou refrigerante? A caminho de um supermercado? Pegando um avião? Comprando material de construção? Vai ao banco?

Será que isso mudará algum dia ou vai se agravar? Qual a razão pela qual a mídia, os economistas que escrevem para jornais, os comentaristas da tevê, os juristas que propoêm novas leis, os políticos, nada falam sobre o tema? O debate sobre essa questão está restrito aos estudantes, livres que são. Pouco se publica. Aliás, o grande, o enorme é sempre saudado, reverenciado. No mundo, um setor é hiper concentrado, o mundo da internet.

Ora mídia, ora ponto de encontro da sociedade e seus diversos agrupamentos, os mastodontes são eficientes e ninguém se incomoda. Voltando à pergunta, é bom para o Brasil um alto nível de concentração? Parece que em algumas atividades um certo nível é necessário, para economia de escala ou montante de capital. Qual é esse nível?

Conheço muitos cronistas econômicos que escrevem e prestam assessoria ou consultoria para gigantes e entendo a inevitável saia justa. Tem solução? Todos os grandes escritórios de advocacia em São Paulo, Rio e Brasília vivem financeiramente bem quando atendem grandes empresas. Nesses escritórios se concentra boa parte da inteligência jurídica, criativamente a serviço da concentração. Igualmente nas empresas de projetos, de gestão, nas auditorias. Parece que está tudo dominado.

E não discutimos a conjuntura: quando se fala de competição, mascaram-se os nomes corretos e o Brasil é definido como um país fechado. Estão dizendo, que entrem produtos do exterior mas, ninguém mexa com a concentração que já existe no mercado interno...

Como crescer com essa concentração econômica? A indústria muito relevante espreme os fornecedores de insumos quando pode, provocando mais concentração ali, antes da unidade industrial. E também exerce seu peso na distribuição no atacado e varejo, provocando mais concentração. Somos uma fábrica de concentração, de menos concorrência. Será que isso reduz ou aumenta o emprego? Todos sabem que o emprego já tem inexoráveis ameaças reducionistas.

Em país tão desigual como o nosso, as mudanças no perfil do emprego serão mais difíceis para determinadas faixas de renda e educação: será que estamos fabricando também um país mais desigual? Que formidável silêncio é esse sobre os males ou benefícios da concentração?

Vejo a cada semana dezenas de eventos empresariais promovidos pelos grandes jornais – uma forma de vender publicidade em embalagem diversa. Nunca vi um evento convidando para discutir o tema dessas palavras.Você acha que podemos entender nossa economia, sua força e seus desastres sem discutir concentração?