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Petrobras foca no pré-sal

E&P terá 80,8% dos investimentos de 2019 a 2023; pré-sal receberá 32,2% dos recursos totais

Arte JB -
Investimentos
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A Petrobras deverá investir US$ 84,1 bilhões nos próximos cinco anos, de 2019 a 2023, segundo o novo Plano de Negócios e Gestão aprovado pelo seu Conselho de Administração e encaminhado à CVM e ao mercado ontem, em fato relevante. O valor do dólar determina o volume de investimentos. O PNG anterior (2018-2022) previa US$ 74,4 bilhões. O PNG de 2014-2018 previa investimentos de US$ 220,6 bilhões. Só que o dólar previsto em 2014 era de R$ 2,23 em 2018 e na faixa de R$ 1,92 até 2019. Para 2019-2023 a estatal prevê o dólar a R$ 3,60 em 2019 e 2020, subindo para R$ 3,70 em 2021 e 2022 e para R$ 3,80 em 2023.

Ao câmbio de hoje, os investimentos previstos em 2014-2018, no valor de US$ 220,6 bilhões, murchariam a US$ 61,27 bilhões. Mas, ao contrário do que sugerem os números em dólar, os investimentos crescem em reais. O câmbio é que altera os resultados. No PNG de 2014-2018, feito na gestão Graça Foster, em fins de 2013, o barril do brent era estimado em US$ 105 até 2014, diminuindo a US$ 92 para 2018/19. E o PNG 2019-2013 prevê agora o barril a US$ 66 em 2019, a US$ 67 em 2020, US$ 71 em 2020 e US$ 72 em 2021.

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Investimentos (Foto: Arte JB)

Passado e futuro

Examinar os PNGs da Petrobras é verificar que nem tudo saiu do papel. Pelo PGN de 2014, o Brasil teria em 2015 a inauguração da 2ª fase da refinaria Abreu e Lima (PE). A 1ª fase só entrou em operação em 2015, e foi vítima de incêndio esta semana. A 1ª refinaria, de 165 mil barris/dia, do Comperj, estaria operando em 2016 (as obras podem ser retomadas em 2019, com a chinesa CNPC, sem prazo de conclusão).

A 1ª fase da refinaria Premium do Maranhão (400 mil barris/dia no total) estaria com capacidade de produzir 200 mil barris/dia de derivados de petróleo ainda este ano). A Premium I e a II, no Ceará, foram canceladas em 2015, na gestão Aldemir Bendine, no 2º governo Dilma. E a Petrobras deu baixa em R$ 700 milhões nos projetos que ficaram só na terraplanagem.

Junto com o PNG 2019-23, a estatal também divulgou o plano estratégico da companhia até 2040. O petróleo segue dominando os negócios, mas a empresa será mais integrada na energia, acompanhando os hábitos da sociedade, buscando cada vez mais diversificação nas fontes e usos de energia, como solar e eólica.

Foco em óleo&gás do pré-sal

O foco da companhia será em óleo&gás (como adiantou ao JORNAL DO BRASIL o futuro presidente, Roberto Castello Branco). Presente na visão do plano anterior e ainda importante até 2040.

Pelo novo PGN, o setor de Exploração e Produção (E&P) concentrará 80,8% dos investimentos, com US$ 68 bilhões. A área de refino, transportes e comercialização receberá 9,75% dos investimento, ou US$ 8,2 bilhões. Nos planos anteriores, a fatia da área de E&P estava em 60%, contra 25% para a área de refino, Transporte e Comercialização. Gás e energia terá US$ 5 bilhões e a Petroquímica, US$ 0,3 bilhões.

Em teleconferência a analistas de mercado, o diretor de Estratégia da companhia, Nelson Silva, resumiu alguns pontos do plano estratégico dos próximos cinco anos. “Nenhuma das alavancas será abandonada”, afirmou o executivo. A ideia é manter a política de paridade internacional de preços e a redução da dívida. O programa de parceria e desinvestimento “dará espaço para uma gestão contínua do portfólio”, complementou o diretor.

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Pré-sal concentra o foco

Tanto o PNG quanto o Plano Estratégico 2040 concentram no pré-sal a prioridade da Petrobras.

• O pré-sal, concentrado em gigantescos reservatórios na Bacia de Santos, tem custo de produção de US$ 7/barril, menor que na Bacia de Campos, e garante custo médio de US$ 10 para a companhia.

• Os investimentos em Exploração& Produção de petróleo vão somar US$ 68,8 bilhões, ou 80,8% do total. O pré-sal terá US$ 27,1 bilhões ou 32% dos investimentos.

• Com os 5 novos sistemas de produção instalados no pré-sal em 2018 e os 3 que entrarão em produção no ano que vem, a produção de 2019 deve crescer 10%. No período 2019-23 serão instalados 13 sistemas, garantindo aumento médio de 5% na produção de petróleo.

• Os planos preveem saída do controle da área de refino no Nordeste (Abreu e Lima e Landulpho Alves-BA), e no Sul (Paraná e RS), áreas em que a estatal só teria 40%.

• Seriam vendidas ainda as duas usinas de fertilizantes (BA e MS) e as unidades de biodiesel.

• A Petrobras também prevê desinvestimentos em campos maduros em terra, em campos de águas rasas (RN, RJ, SP, CE e SE), em águas profundas de Sergipe e Alagoas, ainda a polêmica Refinaria de Pasadena (EUA).

• A estatal prevê que o PGN vai gerar R$ 600 bilhões em tributos à União, estados e municípios até 2023. R$ 13 bilhões serão investidos em Pesquisa&Desenvolvimento, concentrados nas universidade brasileiras. Programas socio-ambientais vão acolher investimentos de R$ 6 bilhões. Combinados, os projetos irão gerar mais 450 mil empregos na sociedade.