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BC: transição até março

Ilan e Copom vão esperar aprovação de Campos Neto pelo novo Senado

Marcelo Camargo/Agência Brasil -
Ilan Goldfajn pode seguir no BC até março quando Campos Neto já terá ter sido aprovado
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Com o temor de que a atual composição do Senado, responsável por derrotas ao governo Temer, que afetarão a gestão de Jair Bolsonaro, pudesse ser hostil à indicação do futuro presidente do Banco Central, o economista Roberto Campos Neto, vindo do Banco Santander, o super-ministro da Economia, Paulo Guedes, já acionou o plano B: acertou a permanência da atual diretoria do Banco Central e do Copom pelo menos até o final de março.

Ontem, em entrevista coletiva para um balanço da Agenda BC+, o presidente Ilan Goldfajn admitiu que deverá permanecer à frente da instituição e do Copom, fazendo a transição para o novo presidente até março de 2019. “Voces vão ter de me aguentar até março”, brincou. Até lá, com a posse da nova composição do Senado, em 1º de fevereiro (dos atuais 81 senadores, 46 não seguirão na nova legislatura), com a posse de 46 novos personagens, à frente o senador eleito pelo PSL-RJ, Flávio Bolsonaro, filho do futuro presidente, será mais confiável submeter os novos nomes do BC em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos e no Plenário. Inclusive o projeto de independência do mandato da diretoria.

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Ilan Goldfajn pode seguir no BC até março quando Campos Neto já terá ter sido aprovado (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Quando o então vice-presidente, Michel Temer, assumiu o governo, em 12 de maio de 2016, após o impeachment da presidente Dilma, Ilan Goldfajn foi convidado pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para presidir o BC, em lugar de Alexandre Tombini. Mas a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da gestão Michel Temer, (dias 7 e 8 de junho) ainda foram presididas por Tobini, Ilan, que foram chefe da assessoria econômica do BC na gestão Meirelles (governo Lula) só assistiu. Sabatinado e aprovado em julho, pode, enfim, comandar a 1ª reunião nos dias 19 e 20 de julho.

Maior exemplo de transição na área sensível que é o comando do Banco Central (controla o câmbio, a política das taxas de juros, com vistas ao controle da inflação, e a supervisão do sistema financeiro, além das reservas cambiais e do balanço de pagamentos) foi na passagem do governo de FHC para Lula, no final de 2002. No dia 12 de dezembro, diante de forte crise de desconfiança (o dólar chegou a bater R$ 4,00 dia 28 de outubro, quando Lula foi eleito, cotação que seria hoje na faixa de R$ 10) Lula escolheu o ex-presidente do BankBoston, Henrique Meirelles, recém eleito deputado federal pelo PSDB-GO. FHC agiu para o CAE e o Plenário do Senado aprovarem Meirelles em 17 de dezembro.

Nos dias 17 e 18 de dezembro de 2002, em reunião sob a presidência de Armínio Fraga, o Copom aumentou a Selic para 25%(com Meirelles presente). A taxa chegou a 26,50% em fevereiro, pico histórico da Selic, desde março em 6,50% ao ano. Assim, Ilan Goldfajn pode deixar o BC em março com a menor taxa Selic da história do Copom.