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Gerdau fica de fora da cena política em 2018

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Reconhecido historicamente pela defesa dos interesses da indústria, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter está, pela primeira vez em quase cinco décadas, fora da cena política. Sua participação foi mais ativa até 2014, quando liderou uma agenda de discussões de políticas industriais a convite do governo Dilma Rousseff. Após desentendimentos com a presidente e a crise que o grupo de sua família mergulhou, o empresário deixou os holofotes.

Aos 81 anos, Gerdau reduziu sua exposição e tem ficado recluso em casa, em Porto Alegre. A nova postura reflete um pedido da família e da empresa, que foi citada, em 2015, na Operação Zelotes, que investiga sonegação fiscal. Atualmente se recuperando de uma cirurgia no joelho, Gerdau mantém a rotina de ir à sede da holding. Sua última aparição pública foi em agosto, quando recebeu uma homenagem do Instituto Aço Brasil, entidade da qual seu conglomerado, que fatura cerca de R$ 37 bilhões, é o maior representante.

A interlocutores, o empresário se ressente da ausência da elite empresarial nas discussões sobre as mudanças políticas que o Brasil passa. Embora ele não se manifeste publicamente, o Movimento Brasil Competitivo (MBC), associação criada por Gerdau em 2001, para aproximar os setores público e privado, ainda se posiciona politicamente.

"No Brasil, a proximidade do empresariado com o poder político está relacionada à conjuntura. Os recentes processos de investigação de corrupção fizeram os empresários recuarem do debate político", disse Leandro Cosentino, professor e cientista político do Insper.

Trajetória

Alçado ao comando do negócio da família em 1983, Gerdau Johannpeter foi responsável pelo movimento de internacionalização da companhia, onde começou a trabalhar aos 14 anos. A Gerdau foi fundada pelo bisavô do empresário, em 1901, como uma fábrica de pregos.

Antes de se tornar um dos principais líderes empresariais do País, ele já se embrenhava na política. Nos anos 1970, aos 37 anos, ajudou a eleger o emedebista gaúcho Paulo Brossard, ao Senado. Emprestou ao candidato, colega dos tempos da faculdade de Direito, uma caminhonete Veraneio e teve de se explicar ao governo militar o flerte com um partido de oposição.

Após um período de atuação mais discreta, nos anos 1980, Gerdau foi uma das principais vozes pela defesa da indústria na época da abertura econômica do País, no governo Collor. A Gerdau foi uma das principais beneficiárias do processo de privatização de siderúrgicas, arrematando boa parte das subsidiárias da estatal Siderbrás.

A relação com o poder continuou próxima nos governos seguintes, de Fernando Henrique Cardoso e Lula. Chegou a ser cotado como Ministro da Fazenda e do Planejamento do petista. Já a ligação com Dilma se estendeu entre 2011 e 2014, mas começou a azedar em 2013, quando passou a fazer críticas à então presidente.

Depoimentos

Em 2015, o grupo foi citado na Operação Zelotes. André Gerdau, filho que sucedeu Jorge Gerdau na presidência do grupo em 2007, chegou a prestar depoimento à Polícia Federal. O processo contra ex-executivos do grupo, que ainda está na primeira instância, não envolveu Jorge ou André. O grupo alega inocência.

Membro do conselho da Petrobrás por 13 anos, até 2014, Jorge Gerdau também prestou depoimento à PF sobre a corrupção na estatal. O empresário negou ter conhecimento sobre os ilícitos praticados na companhia.

Procurado, Jorge Gerdau Johannpeter não quis dar entrevista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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