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Petrobras salva o Tesouro

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O presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou ontem que as mudanças feitas na Petrobras fizeram a estatal se tornar uma empresa que age com muito mais transparência e segurança. Segundo o executivo, hoje as decisões podem ser facilmente rastreadas, ao contrário da situação que encontrou em 2015, quando assumiu a diretoria financeira da estatal ao lado do ex-presidente Aldemir Bendine, preso pela Operação Lava Jato

Ele destacou que a produção da empresa vai aumentar significativamente de 2018 para 2019 e que as exportações também vão crescer no ano que vem. “Será a companhia que dará a maior alegria e maior contribuição sobre a situação fiscal”, afirmou na abertura do seminário “Os riscos da gestão administrativa”, promovido ontem no Rio, pela Fundação Getúlio Vargas.

Monteiro, que foi levado, em fevereiro de 2015, por Bendine, do Banco do Brasil para a empresa, onde também foi exercer o cargo de Diretor Financeiro e de Relações com os Investidores, (sendo mantido na gestão Pedro Parente até tornar-se presidente em junho com a renúncia de Parente), disse que, após as mudanças administrativas realizadas, entre as quais a obrigação de cada decisão ter dois pareceres, a Petrobras se tornou uma companhia melhor.

A Petrobras é a maior empresa de controle da União. Quando tem lucro, recolhe dividendos que reforçam o caixa do Tesouro Nacional. O último grande lucro consolidaddo da estatal foi em 2013: R$ 23,570 bilhões. Em 2014, quando estourou o escândalo da Lava-Jato e a empresa teve de fazer baixas contábeis, houve prejuízo de R$ 21,587 bilhões. Em 2015, com maiores baixas contábeis, o prejuízo aumentou para R$ 34,836 bilhões. Em 2016 as perdas foram de R$ 13,045 bilhões. Assim, foram três anos sem registrar lucros e distribuição de dividendos, com perdas acumuladas de R$ 69,468 bilhões.

No ano passado, houve o primeiro respiro de lucro: modestos R$ 377 milhões. Em 2018, a Petrobras teve lucro consolidado de R$ 6.961 bilhões no primeiro trimestre e de R$ 10,072 bilhões no segundo trimestre, acumulando ganho consolidado de R4 17,033 bilhões no primeiro semestre, com crescimento de 257% sobre igual período de 2017 e o melhor resultado semestral desde 2011. Tudo indica que o terceiro trimestre também será bem lucrativo, mesmo com os percalços da parada de manutenção de navios plataforma de petróleo e gás e nas refinarias da estatal. E 2019 promete melhores resultados com o barril em alta.

Transparência e conformidade

“Esta discussão que está sendo posta hoje é a mais real do que se possa imaginar. Hoje, na Petrobras, todo mundo que vai tomar a decisão pede dois pareceres, da área jurídica e da área de conformidade. A partir disso, toda decisão pode ser rastreada”, explicou Monteiro, que não falou com a imprensa ao chegar no evento, porque de ontem (22 de outubro) até 6 de novembro, quando divulgará os resultados do terceiro trimestre antes da abertura dos mercados (Brasil e Estados Unidos) a empresa entrou em período de silêncio, que “ficará impossibilitada de comentar ou prestar esclarecimentos relacionados aos seus resultados financeiros e perspectivas”.

Recém chegado da Ásia, onde foi à China, Cingapura e Holanda, Monteiro afirmou que nos três países só ouviu falar de uma coisa: crescimento.

Ele lembrou que a Petrobras se tornou uma empresa exportadora de petróleo “e no ano que vem esse volume vai aumentar ainda mais”, afirmou. “Em Cingapura tive reunião de trabalho com o ministro daquele pais, ele falou como tornar o país mais atrativo para a atuação da Petrobras, só ouvi falar de crescimento por lá”, disse sem dar detalhes.

SBM paga R$ 549 milhões

A SBM Offshore pagou, dia 19, R$ 549 milhões à Petrobras, dentro do acordo de leniência firmado com o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União. Assinado em julho, o acordo previa a restituição da 1ª parte dos valores em até 90 dias, sendo R$ 264 milhões relativos à multa administrativa e R$ 285 milhões em antecipação de danos.

Segundo a Assessoria de Comunicação da CGU, a holandesa se comprometeu a pagar R$ 1,22 bilhão. A 2ª parcela do acordo de leniência, previsto na Lei Anticorrupção (nº 12.846/2013), abate do valor nominal de US$ 179 milhões (cerca de R$ 667 milhões, na época da assinatura) em pagamentos futuros, devidos pela Petrobras à SBM em contratos de afretamento e operação.