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JB no campo: Desafios propostos aos produtores rurais

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Este ano tive o privilégio de escrever aos domingos neste Jornal do Brasil. Faço hoje a primeira parte de uma avaliação, na procura de respostas sobre eventual contribuição desses escritos aos produtores rurais. Escrevi sobre plantio de bosques, com a criação de um título que financie o plantio e a preservação de cada unidade de um hectare plantada. Poucas considerações, não animei leitores para discutir essa ou outras ideias que permitam renovação de cobertura vegetal heterogênea em milhares de propriedades rurais e também suburbanas. No centro do raciocínio: ninguém quer plantar nada pois todo mundo tem certeza de que não poderá cortar depois, nunca mais poderá cortar. A criação de um título que estabeleça a propriedade mobiliária do bosque plantado talvez resolva essa questão. O Brasil poderia reverter em parte sua fama internacional de desmatador com esse arrojado plano. Poderia também cumprir compromissos internacionais assumidos, de reflorestar 10 milhões de hectares. Não há muito interesse de verdade em recuperar, em especial no Sudeste, a vegetação com a participação da população. Parece que a preservação de um pedaço de floresta é propriedade do marketing de algumas empresas. Não há muito interesse em envolver milhões de pessoas nessa empreitada. Aprendi que não vamos fazer nada semelhante ou importante nessa área.

Alguns candidatos falam em preservar. Preservar o que não existe? Esse assunto foi um tiro na água, por enquanto. Acho indigente a mobilização dos governos para esse assunto e pobre a disposição de entidades que se dizem preocupadas ou ocupadas com o tema, em discutir alternativas. Os preservacionistas ou ecologistas preferem falar de coisas bem distantes, na serra ou na Amazônia. Não vamos desistir. Assunto próximo a esse que tratamos aqui foi a sugestão de destinar recursos para a proteção de grotas, recursos para cercar as grotas, onde está a maior parte das nascentes. A razão é simples: pelas grotas descem as águas das chuvas e a existência de alguma vegetação reduz a velocidade do assoreamento. A cerca impede que o gado pise nas mudas ou iniba o crescimento da vegetação. Não é uma medida que tenha completa eficácia mas é de baixo custo e de realização simples em questão emergencial. uma parte das nascentes que recuperarmos vai fazer muita diferença no caos evidente para onde caminhamos com celeridade. Esse assunto despertou um pouco mais de atenção e a necessária dose de polêmica. O melhor fertilizante para qualquer ideia ou proposta é a polêmica construtiva. Fiquei animado. Se algum eleito conseguir colocar em discussão esse assunto, talvez para um plano piloto, terá valido a pena. Em regiões montanhosas no Rio ou em Minas Gerais podemos assistir a uma emergencial recuperação que nos anime a outras etapas mais verticais sobre recuperação ambiental. Alguma universidade se interessaria em aprofundar o debate e produzir plano melhorado, completo sobre proteção de grotas e nascentes? Sebastião Salgado pode ajudar?

Falei nessa coluna de muitos outros assuntos que revisitarei nos próximos domingos. Hoje, encerro lembrando que sugeri ao governador Pezão que salvasse muitas vidas e se tornasse um herói do estado. Pezão, mude sua biografia: interrompa já, por tempo definido , todos os incentivos fiscais de ICMS (fonte de corrupção) e destine todo o retorno dessa arrecadação para segurança. Dê bilhões em recursos para inteligência policial, melhore os salários, compre carros blindados novos e melhores, aumente os efetivos, renove instalações, faça algo para valer antes que seja tarde demais. Salve vidas, governador! Não é necessário enfrentar bandidos. No seu caso basta enfrentar benefícios de grandes empresas. Nisso, o governador terá o apoio da população.