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Tesouro vai encurtar prazos

Estratégia é vender títulos públicos mais curtos até novembro para não impactar dívida pública

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O Tesouro Nacional vai se concentrar em vender títulos públicos prazos mais curtos até novembro para não aumentar o custo da dívida pública, afirmou o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, em meio à volatilidade que vem afetando os mercados com as eleições presidenciais. Ele participou do Brasil Summit 2018, evento organizados pela Thomson Reuters, em São Paulo.
Segundo a Reuters, na semana passada, o Tesouro já havia anunciado que assumiria mais risco ligado à Selic em 2018, emitindo mais papéis que flutuam com a taxa básica que o inicialmente previsto, em resposta a condições adversas do mercado.
O custo dos títulos prefixados havia aumentado sensivelmente, a cerca de 12,5% para um papel de 10 anos, razão pela qual o Tesouro estava priorizando a emissão de títulos flutuantes que pagam taxa Selic (6,50% ao ano). Esses papéis pós-fixados são mais demandados por investidores quando há percepção de aumento do risco, que vem crescendo diante da imprevisibilidade na corrida presidencial e a temores quanto ao compromisso com reformas econômicas por parte do candidato eleito.
Mansueto também afirmou que o governo do presidente Michel Temer preparou um projeto de simplificação tributária que poderá ser enviado ao Congresso em novembro, após as eleições.
“Se o próximo governo eleito tiver interesse na investida, ela será encaminhada”, afirmou ele. Mansueto afirmou que o déficit primário do setor público consolidado deve fechar 2018 em R$ 129,8 bilhões, bem abaixo do rombo de R$ 161,3 bilhões estipulado como meta para este ano.
Mansueto vem chamando atenção para esse fenômeno, apontando que embora o dinheiro tivesse sido liberado para pagamento, não estava sendo executado pelas pastas na Esplanada por uma série de amarras e vinculações.

Reformas
O ex-presidente do Banco Central e atual diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, Carlos Langoni sugeriu que o Brasil recorra a reformas pró-crescimento, como a abertura da economia, por exemplo, uma vez que os efeitos das reformas tão debatidas na atualidade se materializarão de forma gradual e no longo prazo.
Langoni destacou a importância de se fazer as reformas previdenciária, tributária e de ajustar as contas públicas, mas ponderou que são todas medidas que dependem da política e autorização do Congresso. “Abertura da economia não precisa de apreciação do Congresso. É um processo que depende apenas de uma nova postura do Brasil em relação ao mundo e à economia internacional”, disse o ex-BC.
Segundo ele, a situação de estresse entre Estados Unidos, União Europeia, Nafta e países asiáticos abre espaço interessante para o Brasil adotar uma agressiva postura de abertura comercial. “Eu sou daqueles que acham que a abertura estimula a competitividade”, disse o economista. Para ele, esta será a saída para este ciclo de relativa estagnação.