ASSINE
search button

Ciência: a importância de saber usá-la

Prever doenças antes do nascimento não pode se converter num pretexto para o aborto

Compartilhar

É preciso muito cuidado com certos avanços da ciência, que podem ser  úteis, mas também perigosos. É de se esperar que pesquisadores –  especialmente os que se  dedicam a contribuir para a prevenção de doenças – tenham sempre as melhores intenções. E acredita-se que, realmente, as têm. Mas descobertas como a que o JB destacou em sua edição de ontem – a possibilidade de se prever, antes do nascimento, a ocorrência de determinadas síndromes e doenças – podem servir, como temem os próprios cientistas, para que futuros pais simplesmente decidam pelo aborto, caso haja indício de que aquele feto desenvolverá distúrbios como a síndrome de Down e o autismo.

É inegável que a possibilidade de um diagnóstico prévio a respeito das condições do bebê que está por vir pode auxiliar, caso haja a ocorrência de alguma doença mais grave, na preparação tanto de médicos quanto da família para fazer com que as dificuldades sejam encaradas e já amenizadas  antes do parto. Mas, antes que tal ferramenta esteja disponível, é necessária uma ampla discussão em todos os níveis para evitar qualquer tentativa de uso da novidade para se buscar um mundo perfeito.

É claro que ninguém deseja para si, nem para o próximo, que um filho recém-nascido seja portador de algum distúrbio. Mas o mundo é imperfeito por natureza, e essa imperfeição faz parte da existência humana.

Portanto, antes de viabilizar testes simples, que, por meio do exame de sangue da mãe, podem identificar a ocorrência de distúrbios, principalmente aqueles relacionados ao desenvolvimento, é necessário que seja estabelecido um forte mecanismo de fiscalização para evitar que desvios de caráter, éticos e morais aflorem.

O nascimento de uma criança com necessidades especiais não é o fim do mundo. Pelo contrário. Há exemplos e mais exemplos de pais que transformaram para melhor suas vidas, além das vidas dos que os cercam, aprendendo as belas lições dadas por seus filhos excepcionais, que, como qualquer ser humano, vieram ao mundo para serem felizes, e  fazerem os outros felizes.