Lá pela metade da projeção do filme de Eric Barbier, a cabeça vai na direção dos mitos gregos de Édipo e Jocasta, talvez na tentativa de encontrar ganchos que justifiquem as 2h10 de duração. A história real do escritor Romain Gary é e não é uma biografia tradicional, e esse subgênero tão desgastado inclui aqui aqueles já esperados saltos no tempo que concluem que a vida de alguém durante uma década só teve dez minutos de interesse.
O foco principal do longa é o amor irrestrito e recíproco entre Romain e sua mãe, em composições apenas acertadas de Pierre Niney e Charlotte Gainsbourg, dois atores capazes de mais. Essa escolha de enfoque, que poderia gerar uma situação de sufocamento, é dos raros casos no cinema onde o excesso é correspondido e alimentado, originando aí uma certa reflexão. A produção tem acertos mas também ela não oferece qualquer novidade ou brilho.
No terço final, o protagonista vai à guerra como piloto e o filme enfim adquire impacto, com sequências de batalhas aéreas realmente impressionantes. Mas é a reta final de um produto que poderia explorar a obsessão que nasce do amor excessivo, e escolheu ser suave e indolor.
* Membro da ACCRJ
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PROMESSA AO AMANHECER : ** (Regular)
Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom
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