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‘The Iceman Cometh’

O astro Denzel Washington regressa à Broadway com drama de Eugene O’Neill

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Denzel Washington retorna à Broadway em um dos principais papéis no teatro americano em “The Iceman Cometh”, de Eugene O’Neill, por apenas 14 semanas apenas, com direção do cinco vezes vencedor do Tony, George C. Wolfe, ensaiando 14 horas por dia.

Fila gigantesca na West 45 th Street no dia da estréia. A presença esmagadora de mulheres, 60% negras e 40% brancas, a maioria de meia-idade, com suas melhores roupas. Praticamente um sentimento de adolescente em show de rock. Bilhetes sendo checados em todas as portas. Afinal, Há que se conferir. Afinal essa é uma peça de Mister Denzel (oxítono no zel) Washington.

Começa o primeiro ato. Respirações em suspenso. Até que surge Ele, do meio da plateia, dançando, e sobe ao palco e dá aquela reboladinha básica. O suspiro é um uníssono. Mas afinal, quem é Hickey, o Iceman Cometh? 

O drama de Eugene O’Neill conta várias tramas, dos vários personagens, todos eles mergulhados no infortúnio, no fracasso, na impossibilidade, um cenário típico de 1939, quando a peça é escrita e de 1912 quando se passa a ação.

Hickey - The Iceman Cometh - vem para transformar os amigos, falando que parou de beber. Os segundo e terceiro atos marcam a trajetória da transformação. O quarto ato é o fracasso. Textos longos, diálogos intensos e disputados, prostitutas que circulam.

A direção de George Wolfe conduz a sombra, as atuações exageradas, fortes, a utilização do palco pelos cantos, trazendo um grupo de atores altamente equilibrado em uma obra-prima do teatro clássico. Unidade de lugar, pois toda a ação se passa no bar. E aí vemos o deslumbrante trabalho cenográfico de Santo Loquasto, que coloca cada ato correspondendo a uma visão do bar. Unidade de tempo, pois a ação dura um dia, com o momento de final de dia que antecede a chegada de Hickey, passando pelo casamento de Cora e Chuck, até a volta dos personagens, ao entardecer, ao mesmo tipo de vida que possuíam ao abrir a cortina. 

Niilista, negativa, triste, “The Iceman Cometh” retrata, sem qualquer complacência, a ilusão em que as pessoas transformam a própria vida. E não importa que essa ilusão seja causada pelo álcool, pela sobriedade, só aumenta o desespero, a solidão.

Ambientada no verão de 1912, no bar de Harry Hope, no Lower West Side, de Nova York, esta é a clássica história de O’Neill sobre um vendedor vitorioso,que estimula seus companheiros de bar a confrontarem seus sonhos inatingíveis.

O autor : Eugene O’Neill – maior dramaturgo americano no Século XX, comunista, ganhador do Premio Nobel pela obra de forte impacto emocional Diretor: George C. Wolfe, ganhador de 5 Tonys Cenário: Santo Loquasto, conhecido como o cenógrafo de Woody Allen, foi ganhador de 4 Tonys.

* Claudia Chaves, professora do Depto de Comunicação da PUC-Rio e doutora em Letras 

Serviço

‘The Iceman Cometh’  Bernard B. Jacobs Theatre, 242 West 45th Street  De terça a sexta, às 19; Sábado e domingo, às 14h  Até 29 de abril  Ingressos de U$79 a U$ 399  Duração: 3 horas e 50 minutos (com três intervalos)