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Série de TV sobre Hugo Chávez causa polêmica na Venezuela

Exibição terá início nesta terça-feira. No Brasil, estreia em março

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Uma série sobre a história de Hugo Chávez está causando polêmica na Venezuela - seja entre chavistas ou opositores.

Com estreia marcada para esta terça-feira (31), nos EUA, na Venezuela e em alguns países latinos, a "El Comandante - La vida secreta de Hugo Chávez" promete mostrar os bastidores do poder desde quando o ex-presidente venceu as primeiras eleições em Miraflores, em 1999, até à Presidência do país.

Dividida em 60 capítulos, a série conta com a produção de um dos maiores críticos do ex-presidente venezuelano, o ex-ministro de Comércio e Indústria e escritor Moisés Naim, e tem estreia marcada no Brasil para março, quando será transmitida pelo canal "TNT".

Para seu sucessor, o também chavista Nicolás Maduro, a série "é um verdadeiro lixo". O mandatário afirmou que está pronto para fazer uma "verdadeira batalha" contra "as mentiras criminosas" que vão afetar a memória do ex-presidente, "de um homem gigante como Hugo Chávez".

A segunda esposa de Chávez, Marisabel Rodríguez, usou o Twitter para atacar a Sony, que produziu a série. "Covardia sem limites.

Sony não teve coragem para lançar a série com O Comandante vivo e tiveram que esperar sua partida física para atrever-se", escreveu.

Quem também atacou a produção foi o ex-vice-presidente e um dos líderes dos chavistas Diosdado Cabello. "Chávez devolveu a autoestima do venezuelano, Chávez devolveu a voz ao povo, Chávez reconheceu as mulheres, os negros. Chávez colocou a Venezuela no alto e gerou esperança", disse em seu programa. E ainda lançou uma hashtag no Twitter para os venezuelanos postarem #AquinãosefalamaldeChávez.

Como contrapartida, o governo venezuelano informou que fará uma série para contar a "verdadeira" história do líder.

Segundo analistas, o temor dos chavistas é que a série "estrague" a imagem do ex-presidente, que faleceu em março de 2013, em um momento extremamente delicado para o poder do partido. A Venezuela passa por uma infindável crise política e econômica e o presidente Maduro é constantemente questionado pela oposição, que tentou fazer um referendo para tirá-lo do poder.

No entanto, por outro lado, até mesmo opositores temem que a série possa "reforçar" a imagem de "semideus" tida por Chávez.

Ao ser divulgado o primeiro trailer da série, em outubro do ano passado, muitos políticos anti-chavistas criticaram a publicação por "idolatrar um homem que destruiu o país".

Já o codiretor da série, Felipe Cano, afirmou à EFE que "desde o momento que nos deram bandeira verde, sabíamos que isso ia trazer muita coisa para cortar, tanto positiva quanto negativa, mas a série não pretende mudar a opinião de ninguém".

Segundos os diretores, para fazer a série, foram usados milhares de documentos e texto de "todos os lados", para tentar dar a maior veracidade possível ao comportamente e às atitudes de Chávez.

A série também terá um pouco de ficção, especialmente, ao contar a infância e os relacionamentos amorosos do "Comandante" venezuelano.

Cano garante que o trabalho foi feito para devolver o "magnetismo" de Chávez, que "era capaz de manter uma plateia durante seis horas em uma transmissão ao vivo".

Quem interpretará o personagem principal será Andrés Parra, conhecido por ter interpretado outro ícone da história latino-americana recentemente. Parra viveu o colombiano Pablo Escobar na série "El Patrón del Mal". (ANSA)