Luciana Mitkiewicz, Lígia Tourinho e Ilea Ferraz, estreiam em Bonecas Quebradas, dia 9 de junho, às 21h, no Sesc Copacabana, com dramaturgia compartilhada deJoão das Neves, Verônica Fabrini, Isa Kopelman e as próprias Luciana e Lígia. A peça de teatro documental, de base performativa, se utiliza desse emblemático acontecimento para falar sobre o feminicídio na América Latina (e no Brasil). O espetáculo será apresentado pela primeira vez no Rio, e faz parte do Mulheres em Cena: Corpo e Violência, que foi idealizado por Luciana, Lígia e Ester Jablonski (que já está lá em cartaz com O Corpo da Mulher Como Campo de Batalha). Para a composição do espetáculo as atrizes foram ao México para ver a história de perto e conversar com vítimas, familiares e autoridades, culminando numa pesquisa internacional.
A história de Ciudad Juarez, no México, na fronteira com El Paso, no território norte-americano é especificamente icônica. Desde 1993, contabilizam-se na região milhares de assassinatos de mulheres sem a devida punição. Uma situação sem precedentes, que levou, pela primeira vez na História, à condenação de um país – o México – na Corte Interamericana de Direitos Humanos. Desde 1994, são mais de 4.000 mulheres desaparecidas e mais de 2.000 mortas em Ciudad Juarez. Todos os crimes seguem o mesmo padrão: sequestro, violência sexual, morte por asfixia, perfurações corporais, esquartejamento e desaparecimento dos cadáveres. Poucos corpos são encontrados e, quando localizados, geralmente em um período de tempo muito grande após o assassinato, encontram-se em um estado que impossibilita a investigação minuciosa. Os crimes estão prescrevendo, os mexicanos se sentem impotentes e o mundo não tem ideia do que se passa ali.