'Agreste Malvarosa' é um vigoroso manifesto poético. Uma fábula sobre a ignorância, o preconceito e o amor incondicional. Um ensaio sobre o corpo, a palavra e os sentimentos humanos.
A peça começa com um flerte junto a cerca, no qual um casal de lavradores descobre o amor. Ela do lado de cá, ele do lado de lá da cerca. Apesar de perceberem que há “algo no amor deles que não deveria acontecer”, um dia, o casal de lavradores foge, rompe a cerca para viverem juntos num casebre sertão adentro. Pressentem que algo de perigoso paira sobre eles.
Depois de 22 anos de casados, a esposa compreende o porquê, ao perder subitamente o marido. Durante o velório, as velhinhas carpideiras, ao prepararem o morto, descobrem que o “marido” é uma mulher. Após esta reviravolta, sucedem-se levantes de repulsa e homofobia. Machucada pela perda, sem entender a dimensão de seus atos, a esposa acaba sendo vítima do horror e da intolerância do povo. Essa poderia ser mais uma história de amor, não obstante a crueldade despertada pela descoberta reveladora.
Em cena, as atrizes Millene Ramalho e Rosana Barros narram e representam as 7 personagens desta história, montando e desmontando a cena com o mesmo domínio que assumem a passagem narrador-personagem, personagem-narrador.
O trabalho das duas atrizes é o elemento que cria a ação, o centro vivo da cena, uma realidade móvel, plástica e tridimensional, explorando a totalidade de suas possibilidades expressivas. Recebem o público, criam a ambiência do espetáculo, introduzem o sertão assim como fazem os repentistas. Essa aproximação com o público tem a intenção de recriar a atmosfera da “contação” de história, reavivando memórias arcaicas, quando grupos se reuniam ao redor da fogueira ou embaixo de uma árvore para ouvir “causos”. A música, tocada ao vivo por Beto Lemos, que compôs a trilha, tende a ser um elemento revelador da cultura local com o propósito de livrar o espectador das tensões subterrâneas das cidades, proporcionando ainda a ideia de um lugar de sonho e conferindo ao corpo uma nova possibilidade de viver, livre dos códigos sociais.
Newton Moreno, premiado autor de 'As Centenárias', construiu o texto da peça 'Agreste Malvarosa' partindo de sua pesquisa sobre orientação sexual com mulheres camponesas/lavradoras no interior de Pernambuco. Mulheres que desconheciam seu corpo, sua sexualidade e o silogismo tortuoso de sua feminilidade. O texto nasce numa encruzilhada que confronta o imaginário nordestino e o discurso limítrofe das sexualidades contemporâneas. Recorre a um dos elementos do imaginário sertanejo – a figura da mulher que se finge/traveste de homem. Aborda a reflexão sobre até onde essas mulheres tinham consciência de seus corpos, de suas cascas e de sua transgressão. Até onde pode chegar o grau de desinformação do povo no interior deste país. 'Agreste Malvarosa' justapõe uma pesquisa de temáticas contemporâneas à supressão do outro (homofobia) e a redefinição de papéis e identidades sexuais ao abandono do povo nordestino e ao discurso contemporâneo da frágil linha limítrofe da sexualidade.
Todas as apresentações terão intérprete de libras e após cada sessão haverá bate-papo entre elenco e público.
Ficha técnica
Texto: Newton Moreno
Direção: Ana Teixeira e Stephane Brodt
Elenco: Millene Ramalho e Rosana Barros
Música original: Beto Lemos
Interpretação ao vivo de Beto Lemos, em alternância com Roberto Kauffmann
Cenografia e figurino: Stephane Brodt
Iluminação: Renato Machado
Assessoria de imprensa: Ana Andréa e Ney Motta | contemporânea comunicação
Produção: Erick Ferraz
Idealização: Millene Ramalho
Patrocínio: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Programa de Fomento “Viva a Arte!” 2015
Serviço: 'Agreste Malvarosa'
03 de maio, terça-feira, às 19h – Arena Carioca Abelardo Barbosa - Chacrinha – Rua Soldado Elizeu Hipólito s/nº, Pedra de Guaratiba (tel. 21 3404-7980)
04 de maio, quarta-feira, às 19:30h – Lona Cultural Municipal Elza Osborne – Estrada Rio do A, 220, Campo Grande (tel. 21 2413-2255)
06 de maio, sexta-feira, às 19h – Lona Cultural Municipal Carlos Zéfiro – Estrada Marechal Alencastro, 4113, Anchieta (tel. 21 2148-0813)
10 de maio, terça-feira, às 19h – Lona Cultural Municipal Sandra de Sá – Rua 12, quadra 219, Guandu 1, Santa Cruz (tel. 21 3395-1630)
11 de maio, quarta-feira, às 19h – Lona Cultural Municipal Jacob do Bandolim – Praça do Barro Vermelho s/nº, Jacarepaguá (tel. 21 3173-5460)
12 de maio, quinta-feira, às 15h – Lona Cultural Municipal Terra – Rua Marco de Macedo s/nº, Guadalupe (tel. 21 3018-4203)
14 de maio, sábado, às 20h – Arena Carioca Fernando Torres – Parque Madureira, Rua Bernardino de Andrade, 200, Madureira (tel. 21 3495-3093)
17 de maio, terça-feira, às 19:30h – Arena Carioca Jovelina Pérola Negra – Praça Ênio s/nº, Pavuna (tel. 21 2886-3889)
18 de maio, quarta-feira, às 15h – Lona Cultural Municipal Gilberto Gil – Avenida Marechal Fontenelle, 5000, Realengo (tels. 21 3462-0774 e 3333-2889)
29 de maio, domingo, às 17h – Arena Carioca Carlos Roberto de Oliveira - Dicró – Parque Ary Barroso, Rua Flora Lôbo s/nº, Penha Circular (tel. 3486-7643)