Um mergulho metafísico e acrobático no universo das montagens e construções de estruturas de circo é a proposta central de 'Mão', que estreia dia 16 de abril, no Parque Madureira.
O espetáculo que tem a direção de Renato Linhares, a atuação dos intérpretes/construtores Adelly Constantini, Camila Moura, Carolina Cony, Daniel Elias, Daniel Poittevin, Fábio Freitas e do multi-instrumentista Ricardo Dias Gomes, terá apresentação em diferentes pontos da cidade até 1º de maio, sempre às 16h, gratuitamente.
Tendo como ponto de partida criar uma intervenção circense ao ar livre, o espetáculo traz ao público a construção, ao vivo, de uma estrutura feita de ferro e madeira. Movimentos ordinários de uma construção, como aparafusar, carregar, encaixar, se misturam aos equilíbrios em pêndulo, às escorregadas arriscadas em uma enorme rampa de madeira, aos saltos e giros, durante a apresentação.
A performance, que acontece desde o momento em que os 7 artistas invadem a praça em um carro/frete/sonoro, leva aos espectadores que estiverem passando, as inúmeras formas de expressão que existem no toque, na ação do construtor, no simples deslocamento de tubos, ferros, porcas e parafusos.
“A gente pensou em criar um espetáculo que fosse uma reflexão sobre a trajetória do construir e suas particularidades. Um ritual que pudesse dar a ver a espessura do ferro que segura a lona, o peso da estaca que a mantém de pé, suas equações estruturais, seus barulhos não musicais, seus encaixes únicos, e aquilo tudo que vem antes do salto, do voo, do frio na barriga. Nem todos os rituais são rigidamente definidos, alguns costumam se formar no meio da vida cotidiana, e acabam se tornando um ato reconhecível pela expressão e pelo simbolismo que há nesse acontecimento. Andando pelas ruas me dou conta que o tempo oscila seu medir, e ainda assim me pego achando seu passo curto, seu compasso acelerado. É preciso diminuir a velocidade para ver o que nos conta cada matéria, para sentir seu peso, para conhecer o ferro, e contemplar a brita ou a madeira. É fundamental que o caminho represente o próprio caminho”, destaca Renato Linhares.
A concepção do projeto teve início há cerca de três anos, quando os idealizadores do espetáculo Adelly Costantini, Daniel Elias e Daniel Poittevin, se juntaram para pesquisar as invasões históricas e pessoais dos circos nas cidades. Na troca de percepções e experiências, a constatação de que por séculos e séculos pequenos e grandes mundos utópicos foram construídos e destruídos a olhos nus. E que entre grandes incêndios e guerras territoriais, por vezes, se pode vislumbrar, distraidamente, a chegada do circo. “Entre colonizações e evoluções tecnológicas, sob nossos olhos, e no decorrer do tempo, vimos o circo se montar e partir, deixando um efêmero rastro de truques e milagres”, conclui Adelly.
Ao fazer com que o público acompanhe todas as fases da montagem dessa estrutura, pensada e desenhada para se pendurar com força e risco, o espetáculo aproxima os espectadores do universo ao mesmo tempo monumental e singular da arquitetura. Na construção de um objeto, de uma estrutura, há sempre as noções de escala da arquitetura e da filosofia. Por isso a interlocução com o Estúdio Chão, dos arquitetos Adriano Carneiro de Mendonça e Antonio Pedro Coutinho, a partir do projeto inicial do Keller Veiga, que também é arquiteto. “Pensar uma intervenção estrutural, foi pensar em algo que pudesse pertencer a cidade e estar sujeito a mudanças, as forças do acaso, com ou sem participação”, acrescenta Daniel Elias, que além de intérprete é diretor técnico do espetáculo.
Outros artistas se uniram ao projeto; Camila Moura, Carolina Cony e Fabio Freitas, passaram a desmembrar e reconstruir os meios desse fazer, fazendo-o no ato; O músico Ricardo Dias Gomes vem reverberar a sonoridade desse novo espaço, com mais gente, e acaba por orientar o ouvir e o sonhar formando o sétimo elemento; os figurinistas Antônio Medeiros e Guilherme Kato deixam aparecer a pele, a contemplação nos corpos, e aumentam o diálogo entre a ação e a vertigem.
Sobre o diretor
Renato Linhares, 35 anos, é performer, coreógrafo e encenador.
Faz parte do grupo Foguetes Maravilha desde 2011, onde criou os espetáculos “Ninguém falou que seria fácil”, de Felipe Rocha, com direção de Alex Cassal, e “Síndrome de Chimpanzé”, escrito e dirigido por Alex Cassal.
Suas criações mais recentes (entre 2015 e 2016), foram os espetáculos 'O grande livro dos pequenos detalhes', como intérprete, uma co-produção luso-brasileira, apresentada em Lisboa e no Porto, a atuação no filme 'Longe demais ainda não é o suficiente', de Ernesto Solis, e na peça '6 modelos para Jogar', com direção de Alex Cassal, Cristian Duarte, Dani Lima, Denise Stutz e Marcio Abreu, a interlocutor e realização do espetáculo 'Eu, o Romeu e a Julieta', com concepção de Emanuel Aragão, e a direção do espetáculo 'Mas Por quê?!! – A história de Elvis', texto de Rafael Teixeira e Vinícius Calderone. Participou do grupo de novo circo Intrépida Trupe por oito anos, tendo dirigido o espetáculo 'Metegol' e participado como coreógrafo e intérprete de 'Sonhos de Einstein' e 'Flap'. Na Intrépida desenvolveu pesquisas em acrobacia aérea, ministrando cursos durante toda sua passagem pelo grupo.
Fiche técnica
Com: Adelly Constantini, Camila Moura, Carolina Cony, Daniel Elias, Daniel Poittevin, Fábio Freitas e Ricardo Dias Gomes.
Direção: Renato Linhares
Direção técnica: Daniel Elias
Criação e desenvolvimento dos figurinos: Antônio Medeiros e Guilherme Kato
Cenografia: Estúdio Chão/ Adriano Carneiro de Mendonça e Antonio Pedro Coutinho
Desenho original da estrutura: Keller Veiga
Música: Ricardo Dias Gomes
Fotos: Renato Mangolin
Produção Audiovisual: Suma Filmes
Design gráfico: Caco Chagas
Assessoria de imprensa: Mais e Melhores Produções Artísticas
Produção executiva: Cida de Souza
Serviço: Espetáculo 'Mão'
Elenco: Adelly Costantini, Camila Moura, Carolina Cony, Daniel Elias, Daniel Poittevin, Fábio Freitas e Ricardo Dias Gomes.
Direção: Renato Linhares
16 de abril: Parque Madureira
17 de abril: Parque Recanto do Trovador (antigo Jardim Zoológico no final de Vila Isabel)
23 de abril: Parque Madureira
24 de abril: Parque Garota de Ipanema
29 de abril: Largo da Carioca
30 de abril: Praça Seca (Jacarepaguá) ou na Vila Cruzeiro (em definição)
1º de maio: Cidade das Artes
Horário: 16h
Classificação etária: livre