A emoção deu o tom durante o lançamento do livro "Uma Estrela Negra no Teatro Brasileiro: Relações Raciais e de Gênero nas Memórias de Ruth de Souza", de Julio Claudio da Silva, que aconteceu na Livraria Cultura – Cine Vitória, no Centro do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (25).
A chegada da veterana atriz, de 94 anos, foi um dos momentos mais marcantes. Ruth de Souza foi ovacionada pelos presentes, entre artistas, personalidades e representantes do movimento negro.
Muito aplaudida, revelou estar surpresa e comovida com a homenagem de colegas de profissão e admiradores de seu trabalho, que se reuniram no evento para reverencia-la. “Você é a nossa querida”, disse a atriz Léa Garcia, segurando com carinho as mãos de Ruth. Todos queriam uma foto ao lado da atriz, que esbanjou simpatia e sorrisos e não conseguia conter as lágrimas. “Eu estou muito comovida. Não esperava tudo isso. Não imaginava que era tão querida”, disse Ruth.
Os atores Milton Gonçalves, Maria Ceiça, Lu Gondim, Maria Salvador, o Presidente do SATED/RJ (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado do RJ) Jorge Coutinho e a Sub Secretaria de Inclusão Produtiva da Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio, Jurema Batista estiveram presentes ao lançamento.
O Livro
No livro "Uma Estrela Negra no Teatro Brasileiro: Relações Raciais e de Gênero nas Memórias de Ruth de Souza", publicado pela UEA Edições, o autor Julio Cláudio, professor adjunto da Universidade do Estado do Amazonas, mergulhou na trajetória profissional da atriz, buscando analisar a construção da definição de raça na sociedade brasileira. “O livro enfoca esse teatro que surgiu para denunciar o racismo e abrir espaço para o artista negro. E Ruth de Souza, desde sua participação no Teatro Experimental do Negro, na década de 40, tem importância ímpar nessa história”, conta Julio.
Hoje com 94 anos, a carioca Ruth Pinto de Souza foi a primeira atriz negra a se apresentar no palco nobre do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com o espetáculo O Imperador Jones, em 1945. Depois de ganhar uma bolsa de estudos e passar um ano estudando e se aprimorando nos Estados Unidos, não parou mais: foram mais de 40 novelas, 33 filmes e dezenas de peças. Foi a primeira protagonista negra da TV brasileira, em A Cabana do Pai Tomás (1969). Também foi a primeira brasileira a concorrer ao Leão de Ouro, no Festival de Veneza, por sua atuação no filme Sinhá Moça (1953).