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Anjo Torto - Patrícia Mellodi canta Torquato Neto

Artista é homenageado com show e três exposições no mês em que faria 70 anos

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Você pode achar que não, mas conhece alguma música de Torquato Neto. O poeta tem canções com Gilberto Gil (parceiro mais constante), Caetano Veloso, Edu Lobo e Jards Macalé, entre outros, e gravadas por grandes vozes da nossa música. Torquato morreu aos 28 anos, mas viveu intensamente. Irrequieto, foi também jornalista e aventurou-se pelo cinema. No dia 11 de novembro, esse artista faria 70 anos. E suas múltiplas facetas serão festejadas com quatro homenagens: o show “Anjo Torto – Patrícia Mellodi canta Torquato Neto” e três exposições, que, a partir de 4 de novembro, ocupam o Teatro Cândido Mendes (casos do show e da obra “TN”, de Rogério Duarte), além do foyer e do corredor que o liga à rua. Nesses últimos serão exibidas as mostras “As faces do poeta” e “Ladrões de almas”, compostas, respectivamente, por retratos do artista e por imagens que ilustram seus textos.

Homenagear Torquato começou a rondar a cabeça de Patrícia Mellodi há sete anos. Desde então, pesquisa a fundo vida e obra do artista tendo estreitado, de uns anos para cá, laços com George Mendes, primo do compositor e curador de sua obra. Depois de pesquisas e conversas com ele, amadureceu a ideia de dedicar ao artista um CD seguido de uma turnê. Diante do convite de Adil Tiscatti e Fernanda Oliveira, administradores do teatro, para reabrir a agenda musical do local, ao se dar conta de que o mês era o do aniversário de Torquato, não pestanejou. E o show tomou a dianteira do CD. Mais: ao falar da oportunidade com George Mendes, surgiu a ideia: por que não levar àquele espaço as três exposições sobre o artista?

A oportunidade de homenagear Torquato no mês em que ele faria 70 anos é apenas uma das coincidências que ligam a cantora ao homenageado. Ambos são conterrâneos de Teresina, Piauí, sendo que a cantora nasceu no ano em que Torquato morreu, 1972.  Tendo iniciado sua carreira artística de forma precoce, a intérprete se aproximou de amigos do compositor, com alguns dos quais mantém contato. Na primeira vez que entrou em estúdio foi para gravar “A rua”, canção de Torquato e Gil. Uma coincidência, porém, foi vista como um sinal. Num vôo da Europa para o Brasil, falou com o marido sobre o projeto durante boa parte do trajeto. Ao deixar a aeronave, a surpresa: um dos pilotos era Thiago, filho de Torquato. “Chocada, fiquei sem coragem para abordá-lo. Vi ali um sinal de que deveria persistir com a idéia”, diverte-se.

E as coincidências não param. O roteiro do show é assinado por Claudio Lobato, ligado à vanguarda poética carioca (integrou o mítico grupo Nuvem Cigana), tendo conhecido Torquato e ficado amigo de Ana Duarte, viúva do artista. Claudio acabou se envolvendo também com as artes gráficas e o cenário, que terá projeções de fotos e escritos do compositor. “A estrela do show será a palavra, valorizada tanto no cenário quanto nos arranjos. Tanto que não quis luz de show, mas  de teatro”, destaca Mellodi, que convocou Luiz Paulo Neném para dar ao show um clima solar. “Não é um show ‘Lado B’. Apesar de a obra do Torquato ser associada constantemente à morte, quero falar da vida”, entusiasma-se.

Tanto entusiasmo é justificado. O show estreita os laços com sua terra e sua identidade. “Poucos artistas de música vieram do Piauí, o que faz com que me sinta sozinha no Rio. Isso também me impulsionou a me aproximar mais do Torquato. Jamais cantaria suas músicas se não fosse movida por algo profundamente sincero e legítimo”, assegura. Então, vamos nessa. Ou, como numa das músicas do homenageado, “let’s play that”.

As exposições:

“As faces do poeta”: organizada por George Mendes, curador do acervo de Torquato, esta mostra traz retratos que mostram as diferentes facetas artísticas do homenageado.

“Ladrões de almas”: Feitas por 12 fotógrafos brasilienses, as imagens reunidas nesta mostra ilustram fragmentos de textos de Torquato Neto. Recentemente, a coletiva ganhou tratamento gráfico da Plug Propaganda que permite ao espectador reconhecer através de cada obra uma das letras do nome do homenageado, lido quando as obras ficam lado a lado.

“TN – o anjo torto”: a obra, uma compilação sonora de trabalhos de Torquato Neto, será apreciada 15 minutos antes do início do show. Criada em 1992 pelo artista visual Rogério Duarte, autor de capas antológicas de LPs da Tropicália, a obra foi acrescida, em 2009, de imagens digitais criadas pela Plug Propaganda.

Serviço:

Show “Anjo torto – Patrícia Mellodi canta Torquato Neto”

Dias: 04, 11, 18 e 25 de novembro (todas as terças do mês)

Hora: 21h

Local: Teatro Candido Mendes (R. Joana Angélica, 63, Ipanema. Tel: 2523-3663)

Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia entrada para os casos previstos em lei)