ASSINE
search button

“Mário Lago”faz um passeio na vida do artista 

Com direção de Marco Abujamra e Markão Oliveira, filme mostra sua trajetória política e artistica

Compartilhar

“Sambista, ator e autor” é assim que Mário Lago se define no documentário “Mário Lago”, que será exibido pela primeira vez no dia 5 de outubro na Mostra Retratos no Festival do Rio. Com direção de Marco Abujamra e Markão Oliveira, a narrativa do filme é feita pelo próprio Mário Lago, que leva a um passeio sobre sua vida, por meio de entrevistas, composições e frases que continuam acompanhando gerações, sem abrir mão da lucidez e do carisma típicos de um exímio carioca.

Com 96 minutos, o documentário resgata imagens de arquivo raras, como Andrews Sisters cantando Aurora com Abbott e Costellono filme "Hold That Ghost " de 1941,  e também alguns depoimentos como o de Lima Duarte. Nele o ator conta o inicio da amizade dos dois na Rádio Tupi e os tempos de boêmia, fechando com uma citação que M&aacu te;rio Lago fez sobre Lima, que segundo ele foi a mais linda homenagem que recebeu em sua vida. 

No filme, Mário Lago conta sobre uma época que estava em uma situação econômica difícil, sem trabalho na “lista negra” da ditadura e Dercy Gonçalvez quando soube o chamou para participar de um espetáculo. “O melhor cachê é para o Mário" recomendou Dercy. Mas, Mário ficou cabreiro com o "estilo de teatro" de Dercy, e foi conversar com a atriz que rapidamente rebate "Mário, o mais importante é o leite das crianças". O documentário ilustra a história com cena rara dos dois no palco. 

Mário Lago foi preso sete vezes por motivos políticos e um de seus companheiros de prisão foi Pedro, detido na ditadura militar e acusado por engano de comunista. Pedro era uma pessoa humilde e muito jovem na época, que entrou em profundo desespero diante da situação e no documentário ele narra como "Seu Mário" o acolheu do inicio ao fim. 

Para Marco Abujamra, que também dirigiu o premiado "Jards Macal - Um Morcego na Porta Principal, Mário Lago era uma flor com raízes de aço. “Se é possível ser acolhido postumamente, creio que o fui. É a segunda biografia que faço, e nas duas busquei me inspirar na obra e na intimidade dos personagens para desenvolver a linguagem, para escolher como contar essas histórias. E esse mergulho delicioso na vida de Mário Lago foi um privilégio que estará sempre guardado num lugar muito especial em meu coração”, observa. 

Já na visão  do diretor Markão Oliveira, o documentário “Mário Lago” nos leva para um Rio de Janeiro mais gentil, alegre e delicado e também para um momento histórico, tenebroso, passando pela formação de diversas produções culturais e artísticas que marcaram o século 20 no Brasil.

No documentário “Mário Lago”, os 25 anos de carreira na televisão, o amor pelo rádio e a atuação no cinema também são retratados através de trechos raros de programas da rádio nacional, novelas como “O Casarão”, “Barriga de aluguel”, na série “Hilda Furacão” e no filme “Terra em Transe” de Glauber Rocha.

Para completar o filme traz versões de poesias de Mário Lago musicadas  por Lenine e Arnaldo Antunes e nos leva a compreender  a frase de Mário Lago: “Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: Nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra.