Quem nunca foi a Paris terá, a partir desta terça-feira (23), sem ter sequer de pegar um avião, a extraordinária possibilidade de se sentir em plena capital francesa. Será inaugurada para convidados no Centro Cultural Banco do Brasil, nesta terça-feira (23), a exposição Impressionismo – Paris e a modernidade, com um acervo de 85 obras – de valor incalculável -da coleção do Museu D’Orsay, uma antiga estação ferroviária à beira do Rio Sena.
Serão exibidas algumas das mais importantes obras de gênios do impressionismo, como Vincent Van Gogh, Pierre-Auguste Renoir, Claude Monet, Edgar Degas, Edouard Manet, Paul Cézanne e Paul Gaguin. A mostra chega ao Rio de Janeiro depois de atrair 320 mil visitantes em São Paulo (5.552 pessoas/dia).
É a primeira vez em que o D’Orsay envia ao Brasil parte de sua coleção de 154.000 obras, que vieram de coleções públicas ou adquiridas a partir de 1986, quando o museu foi inaugurado, com grande parte da coleção impressionista abrigada no Museu Jeu de Paume, vizinho ao Louvre. Entre as obras há marcos da história da arte, como O tocador de pífano, pintada em 1866 pelo precursor do impressionismo, Edouard Manet. Em uma época em que apenas os personagens ilustres eram retratados com tanto destaque, Manet subverteu a ordem ao reproduzir com tamanho destaque um ilustre desconhecido.
“Trazer essas obras ao Brasil é uma oportunidade única para nós”, comemora o presidente do Museu D’Orsay, Guy Cogeval, emocionado com depoimentos que ouviu de estudantes e professores em São Paulo sobre obras que só conheciam através de livros. Entre os destaques, estão também Dançarinas subindo uma escada, pintada por Edgar Degas entre 1834 e 1890; Moças ao piano, de 1892, por Pierre-Auguste Renoir, e A estação Saint Lazare, de 1877, um revelador estudo da luz executado por Claude Monet, assim como o seu O lago das ninfeias, harmonia verde. Ou ainda nomes não conhecidos do público brasileiro como o de Louis Welden Hawkins, com sua emblemática A torre Eiffel.
Seguro, orçamento e transporte
Com um orçamento de R$ 11 milhões, recolhidos através de um pool entre a seguradora Mapfre, Cielo, Banco do Brasil e seus fundos, via Lei Rouanet, os valores de seguro para proteger as raridades não foi divulgado. Sabe-se, porém, que o D’Orsay tomou a precaução de transportar suas ‘joias’ em seis aviões diferentes, acondicionadas em embalagens climatizadas. Além disso, cada sala é monitorada por duas câmeras de segurança. Todo cuidado é pouco. Afinal, como se sabe, na última terça-feira (16) foram roubadas sete telas do Museu Kunsthal de Roterdã, na Holanda, entre obras de Picasso, Matisse, Monet e Gauguin.
Os visitantes certamente se surpreenderão com os tons escolhidos pelos organizadores para as salas conde as obras são exibidas. Ao invés dos tradicionais neutros e pasteis, são ambientes pintados de cores berrantes como azul-marinho e chumbo, violeta e verde musgo. Nada disso, porém, é capaz de competir com o colorido de obras como O salão de dança em Arles (1888), de Van Gogh, ou Camponesas bretãs (1894), de Gauguin, pintada sob a influência de sua viagem à Polinésia, onde o pintor acabou falecendo mais tarde.
E para quem nunca teve a oportunidade de conhecer a capital francesa poderá sentir um gostinho especial na sala Paris é uma festa!, onde está o segundo maior destaque da exposição, A garçonete com cervejas, de Manet. Assíduo frequentador dos cafés parisienses, o pintor retratou a cena em que um operário assiste a uma dança em um café-concerto, cuja mesa é servida por uma garçonete. Cena típica de Paris, só que do século XIX.