O longa português “Os Amores de Florbela Espanca” estreia no Festival do Rio nesta quinta-feira às 21h30 na Estação Sesc Rio 1, em Botafogo, Zona Sul do Rio. O filme é um retrato íntimo de Florbela Espanca - uma das mais importantes poetas portuguesas do século XX - que em conflito com o seu tempo escandalizou a sociedade da época. O longa é estrelado pela atriz portuguesa Dalila Carmo, que veio ao Brasil para a estreia do filme.
Florbela Espanca
Nascida no fim do século XIX, Florbela Espanca é um nome invulgar na História da Literatura portuguesa. Natural da província de Alentejo, em conflito com o seu tempo, a jovem poetisa escandalizou a sociedade da época com os seus sucessivos casamentos e divórcios, a sua maneira audaz de vestir e de estar e a sua personalidade emancipada. Mulher forte e determinada, escreveu o que sentiu, o que amou, o que sofreu. Menosprezada pelos seus pares pelo constante “feminino” presente nos seus versos. Foi apenas anos mais tarde que a sua importância foi restabelecida na história da literatura portuguesa.
Nas palavras da acadêmica Rosilene Rodrigues Coelho, o preconceito em relação à sua obra é fácil de entender: “mulher avançada para o seu tempo, fumante, divorciada, provinciana, filha ilegítima e declarada inimiga do Estado Novo”
Morreu em 1930, com apenas 36 anos, de uma tristeza sem fim, depois da morte do irmão 3 anos antes num desastre de aviação. Três casamentos, livros de poesia, contos, diário, traduções, viveu em Évora, Redondo, Matosinhos, Lisboa, numa vertigem altamente invulgar para uma mulher do seu tempo. Florbela Espanca repousa em Vila Viçosa, terra que a viu nascer e que melhor a compreendeu, na sua charneca em flor e no seu horizonte sem fim.
Sinopse
Num Portugal atordoado pelo fim dos Anos 20, Florbela (Dalila Carmo) separa-se de forma violenta de António. Apaixonada por Mário Lage (Albano Jerónimo), refugia-se num novo casamento, mas a vida de esposa na província não é conciliável com sua alma inquieta. Não consegue escrever nem amar. Ao receber uma carta do irmão Apeles (Ivo Canelas), Florbela corre para junto dele. Na cumplicidade do irmão aviador, Florbela procura um sopro em cada esquina da capital entre amantes, revoltas populares e festas de foxtrot. O marido tenta resgatá-la para a normalidade, mas como dar norte a quem tem sede de infinito? Entre a realidade e o sonho, os poemas surgem quando o tempo pára. Nesse imaginário febril de Florbela, neva dentro de casa, esvoaçam folhas na sala, panteras ganham vida e apenas os seus poemas a mantém sã.
Florbela é o retrato íntimo de Florbela Espanca: não de toda a sua vida cheia de sofrimento, mas de um momento no tempo, em busca de inspiração, uma mulher que viveu de forma intensa e não conseguiu amar docemente.