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'Romance de formação' mostra desafios de estudantes que fazem intercâmbio

Filme de Julia De Simone estreia nesta sexta (11) e está sendo exibido em universidades brasileiras

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Ficar longe da família, ter novas responsabilidades e, muitas vezes, aprender uma língua estrangeira. Este é o desafio enfrentado por estudantes que decidem deixar tudo para trás em busca de melhores oportunidades no mercado de trabalho. Em Romance de formação, que estreia nesta sexta-feira (11), a jovem cineasta Julia De Simone mostra as batalhas e vitórias de quatro estudantes brasileiros em grandes instituições de ensino superior. 

No documentário, acompanhamos o olhar dos próprios jovens, que filmaram o seu dia a dia com uma câmera enviada pela produção. Quase como “co-autores” do filme, como conta a diretora, Victoria Saramago, Wilian Cortopassi, Fábio Martino e Caetano Altafin registraram em quase 90 horas de gravação a exigêngia acadêmica, a disputa por um lugar no mercado e a distância de casa. Na hora de buscar os perfis para os papeis foi preciso fazer parte da rotina deles. 

"Fizemos uma pesquisa vasta, durante cerca de quatro meses e com mais de 70 estudantes", disse a diretora, em entrevista ao JB. "A grande maioria estava fora do Brasil, então, acabamos mergulhando na realidade desses jovens, fazendo as entrevistas na internet por meio de Skype, que geralmente é como eles se comunicam com as famílias". 

No documentário, Caetano, mestrando na Harvard Law School, em Cambridge, nos Estados Unidos, registra os jantares românticos com a namorada e as horas de estudo. Fábio faz mestrado em piano na Universidade de Música de Karlshure, na Alemanha e, aos 22 anos, treina o dia todo ao lado de  sua cadela Wanda. Ele é uma das grandes revelações da música clássica. Victoria é doutoranda em Iberian and Latin American Cultures pela Stanford, em Palo Alto, na Califórnia, nos Estados Unidos. Ela é romancista e crítica literária e foi quem sugeriu o nome do filme – um subgênero literário que trabalha o desenvolvimento das pessoas ao longo da vida.

Dentre os quatro estudantes, Wilian, que faz Química na PUC-Rio, é o único que está no Brasil. O mineiro de 22 anos deixou a família em Belo Horizonte para estudar no IME. Na época, seu grande sonho era descobrir novos tratamentos para o câncer de pulmão, doença que causou a morte do pai.

"Tem uma frase que a diretora da Fundação Estudar, Thaís Junqueira, disse com a qual concordo plenamente: 'a gente sonha por etapas'. Neste momento, o que eu mais quero é aplicar meus conhecimentos para trazer soluções para os brasileiros na área da saúde", releva Wilian.

Wilian, que já fez intercâmbio para San Diego, quer ficar no Brasil e espera que sua história no filme possa ajudar a outros estudantes. Romance de formação está sendo exibido em universidades do país, como PUC-Rio e UFRJ e tem como objetivo transportar o público jovem para essa realidade.

"Acho que na hora de pensar em mudar de cidade para estudar é preciso ter em mente que aquela é uma fase de transição, de descobertas e de desafios. Medo é normal, todo mundo tem", analisa Wilian. "A grande diferença é como as pessoas encaram seus medos. Se a pessoa realmente sente que deve sair de casa para se formar em grandes universidades, não deve colocar muitos obstáculos. É sempre bom conversar com pessoas que já fizeram o mesmo e no mais pesquisar a respeito e seguir em frente".