Antes mesmo da hora marcada, convidados já chegavam à Casa Brasil, sede histórica do Jornal do Brasil, que, completamente reformada, reabriu suas portas no início da noite desta quarta-feira para o lançamento da exposição Mãe Terra, com 64 obras da artista plástica Christina Oiticia, três delas exibidas pela primeira vez ao público.
Além da exposição, o JB também homenageia, com o Troféu Jornal do Brasil de Cultura, personalidades que se destacaram no cenário cultural brasileiro. No evento, também são lembrados o centenário de morte do Barão do Rio Branco - um dos fundadores do Jornal do Brasil - e os 100 anos de nascimento do escritor Jorge Amado, com a presença de sua filha Paloma Amado.
Depois de quase oito anos sem expor no Rio de Janeiro, a artista carioca Christina Oiticica volta a exibir sua arte na sua cidade natal. A exposição Mãe Terra reúne um panorama de suas criações durante os últimos 10 anos. O evento é uma realização do Jornal do Brasil.
Os trabalhos de Christina Oiticica expostos na Casa Brasil, entre quadros e quimonos, são frutos de expedições feitas pela artista a importantes localidades, destacando Caminho de Santiago de Compostela, Caminho de Kumano e a Floresta Amazônica. Três obras, recolhidas recentemente na Ilha de Caras em Angra dos Reis, serão mostradas pela primeira vez. A curadoria é de Rodrigo Accioly.
A artista que enterra quadros
A artista plástica Christina Oiticica literalmente “planta seus quadros” para depois acompanhar a “germinação” de obras alteradas pela ação direta do ambiente. Através de coordenadas geográficas, ao final de alguns meses, as obras são retiradas, tratadas e, cuidadosamente, emolduradas.
Nos últimos 10 anos já esteve na Amazônia, no Chile, no Japão, na Índia e nos Alpes Suíços, alem de ter percorrido os Caminhos de Santiago de Compostela e Kumano Kodo. O fazer artístico da pintora é carregado de um misticismo intrínseco. Para ela, ao enterrar cada obra, é como se a “Terra, a Grande Mãe e Nossa Senhora” ali esteja, se tornando co-autora de suas pinturas.
A exposição Mãe Terra é a terceira interação entre Christina e o Jornal do Brasil. As anteriores foram, respectivamente, “Amazônia” no Hotel Diplomat, Suécia, março de 2010; “Caminhos do Sol Nascente e do Sol Poente”, Sede da ONU, Nova York (EUA), maio de 2011 (sobre o caminho de Santiago de Kumano); “Caminhos do Sol Nascente”, FLIPORTO 2011, Olinda.
Além dos quadros, a mostra terá a projeção dos vídeos “As Quatro Estações”, “Caminhos do Sol Nascente e do Sol Poente” e “Amazônia”.
O Local, a “Casa Brasil”
O Rio Comprido abrigou o Quartel General do Exército na época de Dom João VI, se tornando um bairro agradável aos ingleses, que nele habitavam em casas próprias ou propriedades cercadas de amplos quintais.
Em terreno pertencente aos jesuítas, foi construída, entre 1715-1730, a residência do 2° Bispo do Rio de Janeiro – D. Francisco de São Jerônimo - que ali morou até a sua morte. A seguir, e depois de passar por várias mãos, foi adquirida em 1765 por Francisco Xavier de Carvalho, que a doou ao 6° Bispo da Cidade: Frei Antonio do Desterro. Finalmente, em 1873, o Bispo legou o palacete ao Bispado, que lá instalou o Seminário Maior.
Em 1891 se transformou no Seminário São José, função que teve até 1980, quando tornou-se sede da Fundação Roberto Marinho. Desde 2005 é a Sede da Casa Brasil, braço cultural e de projetos do Jornal do Brasil.
A casa acaba de ser reformada pelo JB e será também um novo espaço cultural na Cidade do Rio de Janeiro.