Na segunda edição do Rolling Stone Live, realizado pela revista Rolling Stone em parceria com a empresa de calçados Converse, Rita Lee foi a responsável por entreter os cerca de 600 convidados que deixaram o calor de suas casas para ir ao clube noturno Pacha, localizado na Zona Oeste de São Paulo, na gelada noite de terça-feira. E, em uma apresentação de pouco mais de uma hora repleta de hits de suas mais de quatro décadas de carreira, a principal representante do sexo feminino do rock nacional conseguiu espantar o frio que ela própria demonstrava sentir no início do espetáculo.
A cantora subiu ao palco às 22h50 toda encolhida, vestindo sobretudo, cachecol rosa e com as mãos enfiadas nos bolsos. Logo depois da segunda canção do repertório, iniciado com Agora Só Falta Você, Rita explicou o porquê de ter dado as caras ao público de forma tão incomum para uma agitada roqueira como ela. "Quando você vai ficando velha é uma m...., porque eu fico toda assim e vejo no espelho a Madre Teresa de Calcutá", disse, arrancando gargalhadas dos presentes antes de fazer graça com sua semelhança com Ozzy Osbourne. "Eu e meu irmão gêmeo somos assim: dois dinossauros filhos da p... fazendo rock até hoje".
Acompanhada por seu marido Roberto de Carvalho e seu filho Beto Lee nas guitarras, Danilo Santana no teclado, Débora Reis e Rita Kfouri nos backing vocals, além do baterista Edu Salvitti e do baixista Brenno Di Napoli, Rita conseguiu levantar a plateia com um set-list bastante selecionado, incluindo Lança Perfume, Erva Venenosa, Bwana, Ando Meio Desligado e até uma releitura do clássico dos Beatles A Hard Day´s Night, coverizada com um arranjo mais lento que o original.
A escolha das canções obteve o apreço dos paulistanos, que as acompanharam com danças, braços para o ar e coro, principalmente nas baladas mais conhecidas - Doce Vampiro, por exemplo, teve seu verso e refrão cantados pelos presentes em uníssono, colocando um largo sorriso no rosto da cantora.
Mas, naturalmente, um show de Rita Lee não pode ser resumido somente à escolha do repertório ou a seus amalucados gestos e danças no palco, pois os discursos da sexagenária vocalista de cabelos rosados são sempre um prato cheio para arrancar risadas de seus fãs. "Que saudades do Chacrinha. Ele sim era um gênio", comentou pouco depois de fazer uma imitação do apresentador José Abelardo Barbosa de Medeiros, morto em 1988. "Depois dele, não veio mais ninguém".
Minutos antes, voltou a falar sobre o frio que vem castigando a capital paulista desde o início da semana, confessando ter grande temor pelo severo e ainda incipiente inverno da cidade no ano de 2011. "Estava aqui pensando, lembrando que está tudo tão bonito por aqui, e fiquei desconfiada. Está ficando quentinho, uma maravilha. Aí eu lembro que ainda tem o inverno inteiro para eu pastar. É uma loucura, a Sibéria é aqui! Eu quero o sol do verão!".
Durante a execução de Ovelha Negra, quando apresentou a banda que a acompanhava, a cantora ainda contou uma história enquanto os quatro telões espalhados pelo palco mostravam fotos de sua vida desde a infância até os 63 anos atuais. "Meu pai me disse quando eu era pequena: 'ou trabalha, ou estuda'. E eu escolhi a música, que não é nem uma coisa nem outra. Até que me dei bem. Fiz parte de umas bandas boa (sic), mas faltava uma coisa, um ovelho negro", disse antes de apresentar seu marido e guitarrista, Roberto de Carvalho, "esse carioca gostoso e cheiroso", de acordo com suas palavras.
O evento ainda contou com a presença do DJ Hunt, que destilou uma série de hits dos anos 1980 e 1990 enquanto os presentes aguardavam pela entrada da roqueira. Após o show, ele voltou aos pick-ups, trazendo, desta vez, um repertório mais eletrônico para animar o público madrugada adentro.