Portal Terra
S O PAULO - O início da programação era para ser às 21h30, mas começou cinco minutos antes, com a banda Red, de São Paulo. Tudo indicava, então, que o principal show da noite não demoraria, para alegria dos fãs que lotaram o Credicard Hall na capital paulista, na terça-feira. Mas a apresentação dos rapazes terminou e nada de Lauryn Hill aparecer.
Diante de algumas vaias que surgiam aqui e ali, às 23h01 a música começou sob o comando de um DJ da trupe de Ms. Lauryn, como ela exigiu ser chamada, fazendo com que todos os comunicados à imprensa e até mesmo o anúncio na entrada principal da casa de shows figurassem com o pronome de tratamento.
O público se animou com as músicas do rapaz, que, no entanto, só sabia gritar "Vamos lá, São Paulo", em inglês. "Chega, eu sei que você está aqui", reclamou um fã, que já tinha começado a perder ritmo e paciência com a espera. "Ah, é uma balada!", exclamou outra fã, que parecia se sentir em uma danceteria, e não à espera de Lauryn Hill.
Os músicos entraram e a expectativa aumentou. Mas a única coisa que aconteceu foi os homens sobre o palco fingindo estar tocando, enquanto quem na verdade colocava a música continuava sendo o DJ do "Vamos lá, São Paulo".
Eram 23h20 e as vaias, até então destoadas, formaram um uníssono, e nada da senhorita Lauryn. Até que às 23h30, depois das backing vocals aparecerem, eis que surge a cantora, em meio a microfonia que deu o ar da graça várias outras vezes durante o show de uma hora e 30 minutos, conforme o prometiddo.
Lauryn entrou com um semblante não tão cativante, mas aos poucos foi se soltando e, em determinados momentos, se empolgava tanto que conseguia levar o público ao delírio. Apenas alguns momentos. De modo geral, as pessoas permaneciam contidas, com raros movimentos com braços para cima e corpos dançantes, próprios de shows com um público tão jovem.
Com um gorro amarelo, casaco branco, echarpe verde e sua toalhinha preta todo o tempo em mãos, Lauryn e banda fizeram uma perfeita apresentação de Zimbabwe, Zion, entre outras, mas, da primeira vez que cantou a clássica Killing Me Softly, com arranjo nada parecido com o original, poucos se animaram a (ou conseguiram) acompanhá-la. Na sequência veio, então, uma versão mais aproximada da que o público conhece, embora bem mais agitada, que contagiou a todos.
Depois disso, foram mais duas músicas - em uma das quais a cantora recebeu uma bandeira do Brasil, agitando-a com gosto - e Lauryn, que não voltou para o bis, agradeceu muito à cidade por tê-la recebido e se foi.
"Estou com o ouvido entupido", comentou uma moça ao deixar o local, reclamando que o som estava muito alto. Afirmação logo abafada pela opinião de seu acompanhante, satisfeito com o show: "Mas que ela arrebenta, ela arrebenta".