Daniel Schenker , JB Online
RIO DE JANEIRO - O Cine Ceará chega nesta quinta-feira à 20ª edição mantendo fidelidade a uma programação de temática notadamente política. Depois de se deter, ano passado, na figura de Che Guevara, o festival que será realizado em Fortaleza, até o dia 1º de julho aborda agora transformações e conflitos viscerais no mundo, como a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a tensão Israel/Palestina, dentro da mostra Diásporas: fronteiras da identidade.
Uma das atrações dessa mostra, Matar um elefante (2009), foi feita em meio à guerra. O espectador tem a sensação de entrar na Faixa de Gaza assinala Wolney Oliveira, diretor do Cine Ceará, sobre o filme de Alberto Arce e Mohammad Rujailah.
O teor engajado sobressai em parte da programação, cuja competição é integrada por produções brasileiras inéditas, como El último comandante (de Vicente Ferraz e Isabel Martínez), centrada no retorno de um comandante sandinista após o 30º aniversário da revolução na Nicarágua, e Memória cubana (Alice de Andrade e Iván Nápoles), resgate dos acontecimentos mais importantes do século 20 pelas lentes dos documentaristas cubanos.
Também selecionados entre os 109 filmes inscritos para disputar o Troféu Mucuripe, Estrada para Ythaca (2010), assinado pelos irmãos Luiz e Ricardo Pretti, Guto Parente e Pedro Diógenes, vencedor da 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes; O último verão de la Boyita (2009), de Julia Solomonoff; Do amor e outros demônios (2009), de Hilda Hidalgo; A mulher sem piano (2009), de Javier Rebollo; Alamar (2009), de Pedro González Rubio; e Lisanka (2009), de Daniel Diaz Torres.
A programação homenageia os atores José Wilker e Patrícia Pillar e os diretores Ruy Guerra e Francisco J. Lombardi, os dois últimos contemplados com uma retrospectiva composta por alguns de seus filmes : do primeiro, A queda (1976), Erêndira (1983), A ópera do malandro (1986) e A bela Palomera (1988); de Lombardi, A cidade e os cachorros (1985), A boca do lobo (1988), Caído do céu (1990) e Pantaleão e as visitadoras (1999).