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'Toy story 3',nova aventura incorpora a experiência de vida à equipe

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Carlos Helí de Almeida, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Em 2006, quando os animadores do estúdio Pixar receberam final verde para fazer um terceiro filme para a série Toy story, eles se postaram diante de um laptop para assistir aos dois primeiros episódios da franquia que revolucionou a maneira de fazer animação, nos anos 90. Quatro horas depois, a equipe estava em depressão.

A gente não parava de se perguntar: Os dois primeiros são tão bons, como poderemos fazer um outro do mesmo nível? recorda em entrevista ao Caderno B o diretor Lee Unkrich, que funcionou como editor no primeiro Toy story (1995), codirigiu o segundo, lançado em 1999, e assume a direção solo do terceiro, que chega ao circuito brasileiro sexta-feira, na esteira do revival do 3D.

Ao seu lado, a produtora Darla Anderson, ratifica o temor dos colegas:

Nunca havíamos planejado fazer uma trilogia. Já foi muita sorte a Pixar, então uma pequena produtora, ter feito o primeiro, que gerou muita controvérsia, por ter sido a primeira animação totalmente digital. Mas fomos convencidos pelo desejo de voltar a trabalhar com aqueles personagens, que viraram pedra fundamental do estúdio.

O encontro com os dois realizadores aconteceu durante o último Festival de Veneza, quando o animador John Lesseter, produtor executivo e fundador da Pixar, foi homenageado com um Leão de Ouro Especial, por sua contribuição ao mundo da animação. Toy story, o primeiro longa-metragem da companhia, colocou a Pixar no mapa do mercado, virou uma gigante no setor com a ajuda de títulos como Vida de inseto (1998), Monstros S.A. (2001), e Up Altas aventuras (2009), e acabou adquirida pela Disney.

Nossa meta é fazer clássicos, criar personagens e histórias. Sempre tentamos evitar modismos ou fazer filmes com mensagens. Nosso compromisso não é fazer animação só para crianças, não nos preocupamos com que tipo de filme gostariam de ver. O importante é ter uma boa história para contar. A filosofia da Pixar não mudou com a incorporação à Disney afirma Unkrich.

O primeiro Toy story faturou US$ 362 milhões em todo o mundo; o segundo episódio arrecadou US$ 485 milhões ao redor do planeta. Na era das super bilheterias das produções em terceira dimensão, as chances de a turma do astronauta Buzz Lightyear (voz de Tim Allen, na versão legendada) e do cowboy Woody (Tom Hanks) fazer bonito nos cinemas aumentam na mesma proporção. A tecnologia, promete os realizadores, influenciou Toy story 3 apenas na forma de ver os heróis-brinquedos na tela.

A única diferença é que tínhamos que trabalhar com uma tecnologia em mente, seguir certas dela. Mas não deixamos que a técnica ditasse o filme, que o rabo abane o cachorro avisa o diretor. O sucesso de um filme não tem nada a ver com a técnica usada para contá-lo. Veja o caso do (veterano animador japonês Hayao) Miyazaki. Ele continua fazendo belos e imaginativos desenhos animados em 2D e as pessoas continuam indo vê-los.

A trama de Toy story 3 trabalha sobre um novo desdobramento de um tema recorrente da franquia, as mudanças impostas pelo tempo (na vida de humanos e de brinquedos). No roteiro desenvolvido por Lesseter, Unrich, Michael Arndt (A pequena Miss Sunchine) e Andrew Stanton, o menino Andy, dono de Buzz Lightyear e Woody, cresceu e está de mudança para a universidade. seus brinquedos são doados para uma instituição de caridade, a exceção de Woody, que tentará resgatar seus companheiros das mãos de crianças grosseiras.

Assim como Andy, seus criadores também passaram por transformações nos últimos 15 anos. A história de Toy story 3 incorpora, na medida do possível, essa mudança de perspectiva.

Tinha 26 anos quando comecei a trabalhar na série. Hoje tenho família, três filhos que estão crescendo rapidamente. Lembro que na época de Toy story, os quatro filhos de John (Lesseter) subiam no colo dele; três deles estão na faculdade. Somos pessoas diferentes, ganhamos experiências pessoais e profissionais, e tudo isso acaba nos filmes que fazemos analisa Unkrich. Toy story 3 fala sobre crescer e deixar certas coisas para trás. Não poderíamos ter feito algo assim há 15 anos.

Muitos dos técnicos e animadores de Toy story 3 eram crianças quando o desenho original foi lançado, alguns tinham apenas 8 anos de idade , lembra Darla. A nova aventura trabalha com a expectativa de alcançar todas as faixas etárias.

É um filme para todas as gerações. As pessoas adoram esse universo torce o diretor.