ASSINE
search button

Cine BH embarca no Ano da França no Brasil

Compartilhar

Camila Crespo, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Em sua terceira edição, a ainda jovem mostra Cine BH se consolida como importante data no calendário da indústria cinematográfica. Com uma ajudinha à francesa, o evento espera decolar de vez. Chancelado como evento oficial do Ano da França no Brasil, esta é a primeira vez que o evento inclui em sua programação filmes internacionais, alguns deles ainda inéditos no circuito do país.

Entre 15 e 20 de outubro, o Cine Santa Tereza, localizado na capital mineira, abriga o festival que este ano enfoca os caminhos da coprodução internacional e o diálogo com a França em filmes e debates, expandindo suas fronteiras para além do território brasileiro.

Achamos importante abordar esta tendência da coprodução internacional como possibilidade de uma indústria audiovisual sustentável. Além da troca de experiências, que é muito interessante do ponto de vista criativo, é importante para levantar recursos, gerar emprego e atrair visibilidade para o país justifica Raquel Hallack, coordenadora do CineBH.

As exibições de Plastic City, coprodução unindo Brasil e China que concorreu ao Leão de Ouro do Festival de Veneza, e de Independência, exibido na mostra Um Certo Olhar do último Festival de Cannes, são as grandes atrações inéditas que inauguram a programação internacional da mostra. Nova York, eu te amo, e a trama argentina Menino peixe também fazem parte da programação. Na seleção brasileira, Os famosos e os duendes da morte, estreia em longa do diretor Esmir Filho que foi o grande vencedor do Festival do Rio, é outro título aguardado, além de Todo mundo tem problemas sexuais, de Domingos Oliveira.

Espaço democrático

A O2 Filmes, produtora comandada Fernando Meirelles, Andrea Barata Ribeiro e Paulo Morelli, também terá uma programação especial dedicada às suas investidas na coprodução internacional, que incluem grandes sucessos como Cidade de Deus, O banheiro do papa e Ensaio sobre a cegueira, entre outros.

Apesar dos nomes de prestígio, o objetivo dos organizadores de tornar o espaço democrático fica evidente no acesso gratuito ao evento, que ainda reúne manifestações artísticas e atrações musicais.

O cinema não vive sem política pública. Dinheiro público não deve gerar receita, por isso acredito que seja importante tornar o acesso gratuito e democrático diz Raquel A própria escolha da França como tema, um país que tem um dos cinemas mais dinâmicos do mundo em grande parte devido a ações governamentais de incentivo, levanta a questão da importância de uma legislação voltada para o audiovisual.

Tendo realizado sua primeira edição em 2007, ainda é cedo para incluir o festival na lista dos grandes eventos representativos do cinema brasileiro. Para Raquel Hallack, que por meio da Universo Produção coordena as três principais mostras de cinema de Minas Gerais, pode-se falar na construção de um espaço de discussão e exibição.

Em Minas não temos uma indústria forte. A maioria dos cineastas para finalizar seus filmes tem que viajar para o Rio de Janeiro e São Paulo. Apesar disso, conseguimos abrir uma janela de exibição nova, que foge do circuito comercial dos shopping centers. Na Mostra Tiradentes, por exemplo, há um enfoque no cinema brasileiro contemporâneo, que prestigia novos cineastas. Já no CineOP, a questão é em torno do cinema como patrimônio cinematográfico brasileiro. E o Cine BH é mais voltado para as discussões do mercado. São três enfoques distintos, mas que se complementam em torno de toda a cadeia produtiva cinematográfica.