Danilo Saraiva, Portal Terra
GRAMADO - O uruguaio Gigante, de Adrián Biniez, estreou em Gramado na noite desta sexta-feira. O filme é um forte candidato a ganhar o Kikito de melhor longa-metragem estrangeiro concorrendo.
De todos os longas estrangeiros exibidos em Gramado, somente Gigante e A Teta Assustada foram dignos de comentários acalorados no saguão do Palácio dos Festivais. Se o júri surpreender, pelo menos na opinião popular esses serão os grandes vencedores.
Gigante ganhou o Urso de Prata em Berlim na mesma edição que A Teta Assustada levou o Urso de Ouro. Como em Gramado nunca dá para saber quais são os critérios que os jurados adotam - normalmente ganham os filmes menos esperados -, muitas surpresas ainda podem rolar.
A verdade é que Gigante é um filme interessante, que teve a felicidade de contar com a presença do ator Horacio Camadulle e seus 1,93m de altura. No longa, ele interpreta Jara, um inofensivo guarda de supermercado que se apaixona obsessivamente por Julia (Leonor Svarcas), faxineira do estabelecimento. Inicialmente, ele só a observa pelas câmeras de segurança do seu local de trabalho. Depois, passa a segui-la.
Para dar a impressão de que Camadulle era ainda mais alto, o diretor Adrián Biniez fez com que ele usasse sapatos de plataforma. Todos os figurantes do filme foram escolhidos pela estatura - quanto mais baixinhos, melhor.
Nesta sexta-feira, o ator subiu ao palco do Palácio dos Festivais e disse que o filme fala sobre amor da forma mais crua. Camadulle é conhecido no Uruguai por suas "stand up comedies", se apresentando em restaurantes e bares de Montevidéu.
Esta é a grande estreia do ator nos cinemas. Ele já tinha participado de um curta-metragem, mas começou com o pé direito, especialmente porque a estreia mundial do filme foi em um dos mais respeitados festivais do mundo, o de Berlim.
Em Gramado e no resto do mundo, Gigante representa uma grande vitória. Não por ter agradado, mas por fazer parte de uma seleta lista de filmes que conseguem sair do Uruguai e ganhar expressividade internacional. Hoje, o país produz apenas 10 longas ao ano, todas com baixíssimo orçamento.