Leandro Souto Maior, JB Online
RIO - A grande mobilização de policiais, soldados do exército, bombeiros e ambulâncias ao redor do Palácio Capanema, típica dos compromissos públicos envolvendo o presidente da república, poderia ser confundida com uma prevenção à memória e ao futuro do cinema nacional. Se um incêndio ou outro tipo de acidente acontecesse corríamos o risco de perder boa parte dos mais significativos nomes da classe.
Luiz Carlos Barreto, Hugo Carvana, José Padilha, Cacá Diegues, Selton Mello e Guilherme Fontes esperaram o presidente Lula por mais de 1h30 com a mesma calma que esperavam há anos o lançamento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), oficializado na tarde desta quinta-feira e que promete liberar R$ 74 milhões para a produção, distribuição e comercialização de longas-metragem e produções independente de TV ao longo de 2009.
O primeiro representante do governo a chegar foi o Ministro da Cultura Juca Ferreira, que destacou o apoio ao setor.
- O presidente Lula tem dado inúmeras demonstrações de apoio à cultura, e desde o início de sua gestão tem aberto diálogos com a categoria - declarou o ministro.
A cerimônia, apresentada pela atriz Leandra Leal, registrou certa confusão no início. O auditório de 400 lugares ficou pequeno para o grande número de convites - dizia-se que foram mais de 1.500 - enviados pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), fazendo com que atores como Paulo Betti e Cristina Pereira ficassem de pé, desorientados, no cercadinho reservado à imprensa, enquanto a produção solicitava cadeiras extras para acomodar os convidados que não paravam de chegar.
Assim que todos se acomodaram, Leandra Leal chamou ao palco o presidente Lula, o Ministro da Cultura Juca Ferreira, o Ministro das Cidades, Márcio Fortes, o diretor da Ancine, Manoel Rangel, o governador do estado do Rio, Sérgio Cabral, a secretária estadual de cultura, Adriana Rattes e o prefeito eleito Eduardo Paes.
- É com entusiasmo e otimismo que estamos hoje aqui reunidos para o lançamento do Fundo Setorial do Audiovisual - celebrou Leandra. - Esperamos viabilizar o desenvolvimento sustentável do cinema nacional.
Em seguida foi exibido um vídeo institucional sobre o FSA, que não pôde ser visto pelos que estavam no palco já que o telão se situava à frente dos mesmos. O restante dos presentes também não conseguiu apreciar a peça porque o auditório estava muito claro, ofuscando as imagens. A cerimônia prosseguiu com Manoel Rangel fazendo a apresentação do FSA, destacando suas linhas de ação.
- Cerca de 80 filmes foram produzidos nos últimos dois anos no Brasil, com destaque internacional. Entretanto, muitas questões ainda exigem mais dos nossos esforços, já que boa parteda popoulação não tem acesso às produções e os resultados de mercado ainda estão aquém das nossas expectativas - apontou o diretor da Ancine, destacando ainda que está em tramitação no congresso uma lei orçamentária que prevê mais R$ 98 milhões para serem disponibilizados em 2009, além dos R$ 74 milhões já aprovados para o FSA.
Com seu característico humor, o presidente Lula destacou a apresentação de Rangel.
- Quero agradecer ao presidente da Ancine pela forma didática com que apresentou o Fundo Setorial do Audiovisual, porque o Ministro Juca Ferreira passou horas tentando me explicar e eu não entendi nada - admitiu, arrancando risos e aplauso da platéia. - Em um dia como esse, a pessoa menos indicada para falar de audiovisual seria eu.
O presidente prosseguiu seu discurso falando da crise internacional, que classificou como maior que a de 1929, afirmando que os países emergentes como o Brasil são os menos vulneráveis.
- Nossa situação hoje é melhor que em qualquer outro momento da nossa história - encerrou.