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ROMA - Enquanto a França celebra a vitória de um filme seu no festival de Cannes, a Itália também comemora o renascimento de seu cinema, depois de obter dois prêmios importantes na maior competição de filmes do mundo.
"Gomorrah", um filme pesado sobre a máfia de Nápoles, e "Il Divo", sátira da vida do ex-premiê Giulio Andreotti, levaram o segundo e o terceiro prêmios respectivamente, ganhando o respeito da crítica tanto em casa quanto no exterior.
Os prêmios foram um incentivo bem-vindo pelo cinema italiano, que passou os últimos anos procurando a própria identidade e já foi declarado como decadente. Os prêmios aos dois filmes foram manchete na Itália na segunda-feira, chamando mais atenção que o grande vencedor, o francês "Entre Les Murs", do diretor Laurent Cantet.
- Se houvesse um vencedor real da competição, seria o cinema italiano - disse Paolo Mereghetti, importante crítico do Corriere della Sera.
- É importante convencer o público internacional -- que é a força de Cannes -- de que nosso cinema está voando alto de novo - disse.
O tom não poderia ser mais diferente do que o usado no ano passado, quando os filmes italianos ficaram de fora da competição principal em Cannes, e o diretor norte-americano Quentin Tarantino chamou o cinema italiano de "deprimente".
- Os filmes mais recentes que vi são todos iguais. Eles falam de meninos crescendo, ou meninas crescendo, ou casais em crise, ou férias dos debilitados mentais - disse Tarantino em junho, em uma entrevista.
Desta vez, os críticos dizem que "Gomorrah", de Matteo Garrone, e "Il Divo", de Paolo Sorrentino, lançam um olhar inovador sobre temas importantes -- a máfia e a corrupção política.
- Em uma indústria que parecia estar acabando...de repente, dois diretores que ainda nem têm 40 anos mostram que uma nova geração de cineastas nasceu olhando a realidade do nosso país, suas sombras e vergonhas, sem medo - escreveu Natalia Aspesi, que cobriu o festival para o jornal La Republica.