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'O Despertar de uma Paixão' revê colonialismo na China

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REUTERS

SÃO PAULO - O ator e diretor norte-americano Edward Norton (de filmes como "Clube da Luta" e "A outra história americana") batalhou seis anos para tirar do papel o projeto de filmar o romance 'O Véu Pintado', do escritor britânico Somerset Maugham (1874-1965).

O filme, batizado no Brasil de 'O Despertar de uma Paixão', chega ao país nesta sexta-feira, com Norton fazendo par com Naomi Watts. A direção é de John Curran (de 'Tentação').

Ambientada entre a Inglaterra e a China dos anos 1920, a história centra-se no drama vivido pelo casal Walter Fane (Norton) e Kitty (Naomi) depois que ela o trai com um conhecido, o vice-cônsul, Charlie Townsend (Liev Schreiber).

Ferido em seu orgulho, Walter, que é bacteriologista, aceita o convite para trabalhar em Mei-tan-fu, distante aldeia chinesa. E arrasta consigo a esposa que, com medo de um divórcio que a exporia à difamação, conforma-se em acompanhá-lo a uma região dominada por uma mortal epidemia de cólera.

No lugar, isolado e insalubre, o casal instala-se na única casa disponível, onde os ocupantes acabam de morrer da doença. Com a raiva à flor da pele, os dois mantêm uma guerra surda, que não é compreendida pelos criados chineses.

O único outro britânico da região é o comissário Waddington (Toby Jones, o Truman Capote de 'Confidencial'). Ele forma um contraponto à insanidade do relacionamento do casal e à obsessão quase suicida com que Walter se entrega ao trabalho.

O médico encontra obstáculos nas crendices dos camponeses, que o impedem de instalar algumas medidas mais drásticas de higiene, e também na crescente oposição à presença de ocidentais na China.

Kitty, por sua vez, perde seus hábitos de moça mimada ao ajudar a madre superiora (Diana Riggs), do convento católico local, na missão de cuidar dos inúmeros órfãos. E isso muda aos poucos também o modo como Walter e Kitty encaram um ao outro.

Se há um aspecto em que o filme acerta é em não facilitar esse processo de crescimento dos dois protagonistas.

Também é positivo o modo crítico como retrata a tentativa da cultura ocidental e da religião cristã de tentar impor-se numa China que resistia cada vez mais ao colonialismo, em busca da própria autonomia.