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Filme trágico sobre Joy Division é exibido em Cannes

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REUTERS

CANNES (FRANÇA) - A vida tragicamente curta de Ian Curtis, vocalista da banda britânica Joy Division, é o tema de um filme que reabriu feridas antigas dos membros sobreviventes do grupo. O trabalho foi exibido na noite de quinta-feira no Festival de Cinema de Cannes. A banda dos anos 1970 criou trabalhos que ficaram famosos, como 'Love Will Tear Us Apart' e 'Transmission', mas seu sucesso foi interrompido pelo suicídio de Ian Curtis, aos 23 anos de idade, exatamente 27 anos atrás nesta sexta, no momento em que a banda estava prestes a partir em turnê pelos EUA.

Anton Corbijn, que fotografou o Joy Division em 1979, dirigiu 'Control', um filme de duas horas em preto e branco sobre o problemático vocalista. O filme provocou emoções fortes em Cannes, apesar de estar sendo exibido fora da competição. O papel de Curtis é representado pelo ator desconhecido Sam Riley, que guarda uma semelhança estranha com o cantor, dentro e fora do palco. Samantha Morton faz a mulher de Curtis, Debbie, em cujo livro o roteiro se baseou.

- Tive a sorte de ter a mesma altura que ele e uma semelhança passageira com ele, além de ser cantor, então acho que tudo isso tornou a decisão mais fácil para Anton, embora ainda fosse arriscada - disse Riley em entrevista nesta sexta-feira.

- Tive uma agente para meus trabalhos de ator quando era adolescente, mas perdi contato com ela. Eu estava trabalhando num emprego muito humilde em Leeds e estava cansado disso - disse, explicando como conseguiu o papel.

- Então liguei para ela, depois de cinco anos, e falei: 'Lembra de mim?', e esse foi o primeiro teste para o qual me mandaram.

Indagado se já foi comparado a Ian Curtis no passado, respondeu:

- As pessoas costumavam dizer que eu era parecido com (o cantor) Pete Doherty, o que não é exatamente um elogio, certo? Um viciado em heroína? Mas tudo bem.

Em seus últimos anos de vida, Ian Curtis sofria de epilepsia e era incapaz de conjugar sua vida doméstica, como marido e pai, com sua carreira de roqueiro.

Para o baterista Stephen Morris, assistir à história da banda foi uma experiência perturbadora.

- Assistir ao filme ontem pela segunda vez, mas entre um monte de pessoas, foi como ver minha juventude despida diante de um público, como ser dissecado - disse ele.

Indagado sobre como reagiu ao fato da sessão da noite de quinta-feira acontecer na véspera do aniversário da morte de Curtis, Morris disse:

- Isso me dá arrepios.

Morris, que acabou tocando com o New Order, banda sucessora do Joy Divison, contou como se sentiu quando soube que Curtis se enforcara.

- Acho que foi um choque, mas o que eu percebi foi muita raiva -- raiva por ele ter sido tão estúpido.

- Quando uma pessoa comete suicídio, o problema é que isso deixa um monte de perguntas sem resposta para as pessoas que sobram -- e as fere muito mais.