Agência ANSA
NOVA YORK - A pintura "Les Demoiselles d'Avignon" completa cem anos e o Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova York, que possui a obra há quase setenta anos, comemora a data com uma exposição que conta a origem do quadro de Pablo Picasso que iniciou o movimento cubista.
Terminado em 1907, o quadro recebeu na época reações escandalizadas quando foi mostrado a algumas pessoas. A representação de cinco prostitutas em um bordel da rua Avignon, em Barcelona, só foi exposto publicamente em 1916.
Picasso fez mais de cem estudos preparatórios e rascunhos da obra, que a escritora Gertrude Stein definiu como "um verdadeiro cataclisma".
As três jovens à direita da tela foram inspiradas em esculturas ibéricas do século IV a.C., originárias da Andaluzia; as duas figuras à esquerda tiveram como modelos máscaras africanas, semelhantes as que Picasso viu no Museu Trocadero em Paris.
Picasso definiu esse quadro como um "trabalho de exorcismo" e as máscaras teriam provavelmente a função mágica de proteção contra espíritos malignos.
O pintor estava bastante apreensivo com relação à sífilis, uma preocupação corrente na Paris daqueles anos; alguns rascunhos mostram de maneira mais clara a ligação entre o prazer sensual e a mortalidade.
- Não houve até hoje nenhuma obra que, como essa, mudou a arte moderna ou contemporânea - disse John Elderfield, um dos especialistas do MoMa e um dos curadores da instalação em que a pintura está exposta no momento.
- Esse quadro mudou todo o caminho figurativo de Picasso, levando-o ao Cubismo.
"Les Demoiselles d'Avignon" está em Nova York desde 1939. Após dois anos, o quadro foi adquirido pelo diretor Alfred Barr e exibido na mostra Art of Our Time ("A Arte do Nosso Tempo", em português) para comemorar os dez anos da inauguração da nova sede do museu.