Agência ANSA
LONDRES - Uma rara obra dramática da dinastia Tudor será representada no Grande Salão do Palácio de Hampton, oeste de Londres, pela primeira vez desde que foi inaugurada diante do rei Enrique VIII (1491-1547) há 480 anos.
A obra "The Play of the Weather" foi escrita no começo da década de 1530 pelo dramaturgo inglês John Heywood, o poeta e criador que inspiraria décadas mais tarde o escritor William Shakespeare.
Apesar de ter sido um católico que incluiu em suas obras temas muito atrevidos e polêmicos para o monarca que rompeu com o Vaticano, Heywood escapou de ser decapitado por sua ousadia.
A obra, que utiliza o tema do clima britânico para explorar como um rei pode satisfazer os pedidos contraditórios de seus súditos, contêm um grande número de alusões e alegorias aos problemas políticos da época.
Heywood não só conseguiu escapar são e salvo ao escrever sobre as políticas religiosas de Enrique VIII e sobre seu recente casamento com Ana Bolena, o que era um segredo bem guardado, como também foi homenageado pelo rei com uma taça dourada.
Várias cópias da obra impressa em 1534 sobreviveram até hoje, algumas delas na British Library de Londres, mas nunca foi representada para o público desde a inauguração real.
Nesse sentido, Greg Walker, especialista em literatura Tudor e história elizabetana da Universidade de Leicester, na Inglaterra, declarou que essa peça dramática "foi esquecida injustamente".
- Heywood foi um dos primeiros humanistas que se voltou à tradição do humor inglês, com grande coragem e ousadia. Era um dramaturgo muito estudioso, que fazia referências a sátira romana destacou o historiador e linguista.
A representação da obra será dirigida por Gregory Thompson, diretor teatral do Tron Theatre de Glasgow, na Escócia.
A cerimônia de gala será realizada no próximo mês em uma audiência especial, possivelmente com membros da Realeza britânica.
Para 2009, "The Play of the Weather" será representada como parte dos eventos pelos 500 anos da ascensão ao trono de Enrique VIII, o segundo monarca da dinastia Tudor.
Além de ser famoso por ter se casado seis vezes e por exercer o poder mais absoluto entre todos os monarcas ingleses, foi o artífice da ruptura com a Igreja Católica Romana, de seu estabelecimento como cabeça da Igreja da Inglaterra, da dissolução dos monastérios, e da união da Inglaterra com o País de Gales.