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MILÃO - Desde que Milão e a indústria da moda resolveram barrar das passarelas modelos excessivamente magras, os estilistas optaram por usar seu próprio bom senso em lugar de impor um código de conduta rígido para controlar os desfiles na cidade italiana.
- É preciso usar o bom senso - disse Christopher Bailey, estilista da Burberry. - Não sou da escola que diz que todos precisam ter um peso determinado. Isso não é da natureza humana.
Stefano Gabbana, da dupla de estilistas Dolce & Gabbana, que não participa da Câmara de Comércio da Moda de Milão, reiterou esse ponto de vista em entrevista concedida à revista Vanity Fair.
- Acho que todos precisam empregar o bom senso - disse ele. - As modelos sempre foram magras.
Milão e sua organização do setor da moda assinaram um acordo em dezembro proibindo a presença nas passarelas de modelos menores de 16 anos e visando excluir aquelas cujo índice de massa corporal (IMC) é inferior a 18,5. As medidas se seguiram a iniciativas semelhantes tomadas na Espanha e no Brasil, após a morte de duas modelos latino-americanas anoréxicas no ano passado. Com o acordo, uma modelo de 1,73 metro de altura e que pesasse menos de 55,4 quilos seria impedida de desfilar.
Mas poucas pessoas que assistiram aos desfiles em Milão na semana passada se convenceram de que houve alguma mudança nas dimensões das modelos.
- Não há diferença nenhuma - disse uma modelo que pediu para não ser identificada. - As garotas são cada vez mais jovens e mais magras, e as roupas, cada vez menores.
A modelo disse que tem 1,75 metro de altura e pesa "no máximo 54 quilos". Jacquie Mockridge, observadora no desfile de Alberta Ferretti, disse que algumas das modelos não tinham o corpo certo para vestir as criações dos estilistas.
- Para usar os vestidos de Ferretti é preciso ter curvas, senão os vestidos ficam parecendo sacos - disse ela.
A maioria dos estilistas concordou que vai contatar as agências para discutir qualquer modelo que não aparente boa saúde e que não usará essas garotas em seus desfiles.