
Reconhecido como um clássico na Europa e respeitado em Hollywood, de onde saiu com o Oscar de melhor figurino em 1991, “Cyrano de Bergerac”, celebrizado por uma gloriosa atuação de Gérard Depardieu, é um único resquício de passado na seleção de 18 longas-metragens com múltiplas perspectivas da cultura francesa a ser oferecida pelo Festival Varilux em 2019: a maratona começa nesta quinta, em 80 cidades do Brasil, e vai até 19 de junho. Organizada pelo produtor Christian Boudier, com títulos dos mais variados gêneros, incluindo a mais recente peripécia animada de Astérix nas telas, o evento celebra dez edições trazendo ao país sucessos como “Graças a Deus”, uma das sensações da Berlinale 2019. No domingo, os cariocas conferem um mimo exclusivo da mostra francófona: a projeção, ao ar livre, às 19h30, no Espaço Cultural da Marinha, do filme de ação “O Chamado do Lobo” (“Le Chant du Loup”), de Antonin Baudry, com François Civil, Omar Sy, Reda Kateb, Mathieu Kassovitz. Neste sucesso de bilheteria, um jovem dotado de um raro padrão auditivo, capaz de de reconhecer todos os sons que escuta, vai ajudar os oficiais de um submarino nuclear francês.
Eis as atrações imperdíveis do Varilux deste ano:
MEU BEBÊ (Mon Bébé)
De Lisa Azuelos. Uma das maiores comediantes da França na atualidade Sandrine Kiberlain nos arranca gargalhadas e pranto no papel de Héloïse, uma devotada mãe que põe seus dilemas pessoais para escanteio diante da síndrome de ninho vazio que sente quando sua caçula vai estudar fora. Lisa Azuelos é uma expert em afetividades nas raias da tragédia, como se viu em “Rindo à toa” (2008) e “Dalida” (2015).
GRAÇAS A DEUS (Grâce à Dieu)
De François Ozon. Laureado com o Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, este drama baseado em fatos reais escandalizou a Igreja Católica, arrebatou a imprensa e seduziu a crítica pela maturidade com que o realizador de “8 mulheres” (2002) trata o abuso sexual cometido contra três homens que, quando meninos, foram vítimas de um sacerdote católico. “É um filme criado para incomodar, com o cuidado estético de dar um tratamento de cor e de textura a cada um de seus protagonistas”, disse Ozon, que vendeu 900 mil ingressos de fevereiro a meados de abril com sua potente narrativa.
ASTERIX E O SEGREDO DA POÇÃO MÁGICA (Astérix – Le Secret de la Potion Magique)
De Louis Clichy e Alexandre Astier. A nova aventura cinematográfica do gaulês mais amado das HQs (ou BDs, em français) chega em versão dublada, com a voz de Gregório Duvivier saindo do elmo torto do herói de René Goscinny e Albert Uderzo. A tarefa do destemido baixinho e seu amigo Obélix é proteger o caldo místico que garante seus poderes.
BOAS INTENÇÕES (Les Bonnes Intentions)
De Gilles Legrand. Sempre carismática em cena, a atriz e diretora Agnès Jaoui volta às telas no papel de uma ventoinha viva de trabalhos humanitários, que ganha o pão do dia a dia como professora de Francês. Ela decide se diferenciar de seus colegas ao levar seus alunos para m curso inusitado de alfabetização, pelas da Literatura.
UM HOMEM FIEL (L’homme fidèle)
De Louis Garrel. Num triângulo amoroso com Laetitia Casta e Lily-Rose Depp, filha da cantora Vanessa Paradis e Johnny Depp, Louis Garrel encarna um viciado no verbo “amar” cujo coração entra numa partida de tênis entre uma paixão de ontem e um flerte com o amanhã. Prêmio de melhor roteiro em San Sebastián.
FILHAS DO SOL (Les filles du soleil)
De Eva Husson. Atriz de destaque nos anos 1990, a realizadora deste doído épico sobre sororidade arranca de Golshifteh Farahani (“Paterson”) sua melhor atuação. A estrela de origem iraniana vive Bahar, a comandante das Filhas do Sol, um batalhão composto apenas por mulheres curdas que atua ofensivamente na guerra do país. Ela e as suas soldadas estão prestes a entrar na cidade de Gordyene, local onde Bahar foi capturada uma vez no passado. O grupo terá o apoio de Mathilde (Emmanuelle Bercot), uma jornalista francesa que está acompanhando o batalhão durante o ataque. Concorreu à Palma de Ouro de 2018.
FINALMENTE LIVRES (En Liberté)
De Pierre Salvadori. Uma das prolíficas atrizes da França na atualidade, Adèle Haenel dá um show de ironia no papel de Yvonne, jovem inspetora de polícia, às voltas com a descoberta de que o marido, o capitão Santi, herói local morto em combate, não era o policial corajoso e íntegro que ela pensava. Por culpa dele, um inocente passou quase uma década atrás das grades. É preciso correr atrás da verdade.