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Em Cannes, filme 'Les Misérables' funde 'Tropa de Elite' e 'Cidade de Deus'

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Na competição pela Palma de Ouro, o filme francês "Les Misérables", de Ladj Ly, traz à memória uma fusão entre "Tropa de Elite" e "Cidade de Deus", só que ambientada nos subúrbios parisienses.
O título, referência à obra de Victor Hugo, escancara os vários diálogos que o longa propõe com o romance do século 19. Ambos adotam um olhar sobre os desvalidos da capital francesa e se passam em Montfermeil, o bairro periférico que hoje é habitado basicamente por imigrantes.
É nesse caldeirão étnico, mistura de árabes, ciganos e africanos, que orbitam os dois núcleos da trama. Um deles é encampado por três policiais que precisam garantir a segurança daquele barril de pólvora usando de métodos extraoficiais e até ilegais.
É aí que entram discussões sobre a legitimidade do uso da força que ecoam os filmes de José Padilha. O outro núcleo é o dos garotos que habitam aqueles depauperados conjuntos habitacionais e que encontram na criminalidade um escape de afirmação, assim como na obra de Fernando Meirelles e Kátia Lund.
Parisiense de origem africana, o diretor estreante Ladj Ly cresceu no violento Montfermeil e acompanhou de perto quando o bairro se tornou o epicentro dos violentos protestos de 2005, que irromperam após a morte de dois jovens que fugiam da polícia.
O registro cru das agruras de quem vive nas franjas da sociedade francesa -feito por um cineasta que pertence a essas mesmas franjas– dá fôlego para que "Les Misérables" se cacifar ao título de um dos mais fortes concorrentes à Palma de Ouro.
O jornalista se hospeda a convite do Festival de Cannes

GUILHERME GENESTRETI

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