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Crítica - "Tolkien": cinebiografia convencional

** - Regular

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Estreia nesta quinta-feira, dia 23, a cinebiografia de um dos autores mais aclamados do planeta: J.R.R. Tolkien. Dirigido pelo cipriota Dome Karukoski, de “Tom of Finland” (Idem – 2017), o filme opta pela abordagem convencional, inerente ao gênero, para mostrar a trajetória do autor da infância até a publicação de seu primeiro livro de fantasia, “O Hobbit”, em 1937. 

Nascido na África do Sul em 1892, Tolkien (Nicolas Hoult, fase adulta / Harry Gilby, infância e pré-adolescência) foi criado no Reino Unido, onde teve de lidar com a dor da perda dos pais e a chegada a um lar adotivo, ao lado do irmão caçula, onde conheceu seu primeiro e único amor, Edith Bratt (Lily Collins). Em meio a dificuldades financeiras, o jovem contou com a ajuda do Padre Francis (Colm Meaney), que conseguiu uma vaga num tradicional colégio britânico que lhe ensinou sobre a importância de laços de amizade e também da luta por um futuro melhor no período que antecedeu a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1919), que levou muitos jovens aos campos de batalha, dentre eles, o próprio Tolkien. 

Apelando para o melodrama típico de telefilmes em diversos momentos, “Tolkien” acerta em quesitos como fotografia, direção de arte, figurino e montagem, que insere flashbacks com perspicácia. No entanto, é um filme irregular no que tange ao roteiro assinado por David Gleeson e Stephen Beresford. Apesar de apresentar com dignidade a influência de acontecimentos da vida pessoal do autor e filólogo em sua obra, sobretudo nas histórias ambientadas na Terra Média, o roteiro peca ao não aprofundar o drama para obter uma história romanceada e de rápida compreensão. Com isso, personagens importantes como o irmão de Tolkien não são aproveitados de maneira satisfatória, sendo, inclusive, descartados para facilitar o desenvolvimento do roteiro, mesmo que prejudicando o arco narrativo do personagem principal. 

Outro problema deste longa é a escalação do casal protagonista, Nicholas Hoult e Lily Collins. Os atores não têm química em cena, o que acaba por transferir para o elenco de apoio a responsabilidade de “segurar” o filme. Assim, os coadjuvantes suprimem a dupla, principalmente Harry Gilby, que defende Tolkien com mais desenvoltura e naturalidade que Hoult, com quem é fisicamente parecido. 

No fim das contas, “Tolkien” é uma produção sobre a perseverança de um homem que venceu porque nunca desistiu de si, nem mesmo nos momentos de adversidade que a vida lhe impôs.

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crítica | Tolkien