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A liberdade é uma ilusão

HOMEM LIVRE (*** - Bom)

Divulgação -
Armando Babaioff é Hélio Lotte em 'Homem Livre'
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Hélio Lotte sai de um porta-malas para o segundo andar de uma igreja evangélica, na primeira cena de "Homem livre". Ganha do pastor uma chave e uma frase: "Aqui, você não está preso". Aos poucos, percebe que pouca coisa mudou pra ele, da penitenciária onde cumpriu pena para o agora, física e emocionalmente. Ao contrário do que o pastor dissera, a liberdade não é mais para Hélio, que está encarcerado em culpa e arrependendimento, prisões muito mais difíceis de escapar. Em breve, a elas se juntará também a paranoia, que o consumirá.

Sem didatismo, o longa de estreia de Alvaro Furloni vai nos situando pouco a pouco no quadro maior, em que o protagonista está inserido, e as peças vão se encaixando. O roteiro de Pedro Perazzo até encaixa demais sua trama, eliminando gradativamente a sutileza do combo interessante que ia se formando na tela. De condução eficiente e com soluções visuais acima da média, o filme passa do drama intimista ao suspense psicológico quase sem percebermos, mérito da montagem de Furloni e Renato Gaiarsa.

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Armando Babaioff é Hélio Lotte em 'Homem Livre' (Foto: Divulgação)

Ao lado do fotógrafo Guilherme S. Francisco, o diretor pincela a vida do rockstar caído em desgraça Hélio com um vermelho assustador, aliando a vida soturna de seu personagem a um sinal de "perigo!" cada vez mais próximo. Da composição acertada de Armando Babaioff à excelente participação de Márcio Vito, "Homem livre" discute a liberdade e traz também um debate sobre exploração da fé sob uma ótica pouco abordada. Uma estreia surpreendente de Furloni e Francisco em longas. (F.C.)

Divulgação - Armando Babaioff é Hélio Lotte em 'Homem Livre'