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Reviravolta na festa do Oscar

Academia recua e decide que entrega de estatuetas a 24 categorias será exibida pela TV no domingo

Divulgação -
Mahershala Ali e Viggo Mortensen em "Green Book - O guia"
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Depois da polêmica envolvendo a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que queria premiar o "melhor filme popular" nesta edição do Oscar e da decisão de suprimir o número de canções a serem mostradas ao vivo - o que gerou até ameaças de boicote -, o presidente John Bailey teve de voltar atrás na ideia de não apresentar ao vivo algumas categorias.

A entrega das estatuetas de Melhor Edição, Melhor Fotografia, Curta Documentário e Cabelo e Maquiagem, que seria feita durante o intervalo comercial, voltará a ser transmitida pela TV. A cerimônia do Oscar acontecerá no próximo domingo, dia 24, no Teatro Dolby, em Los Angeles.

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As extraordinárias atrizes Rachel Weisz e Olivia Colman, em cena do bem cotado filme "A favorita" (Foto: Divulgação)

A repercussão negativa que o anúncio de Bailey obteve na semana passada, inclusive por parte de grandes cineastas, fez a Academia reverter a situação, que seria adotada de olho na audiência, a fim de agilizar a exibição. A medida serviria para cumprir a promessa de fazer um programa de três horas, uma a menos do que nas edições anteriores.

Em razão disso, uma carta de protesto foi assinada por mais de 40 cineastas e diretores de fotografias consagrados, entre eles Martin Scorsese, Quentin Tarantino e Spike Lee. "Relegar essas funções cinematográficas essenciais a um status menor para esta 91ª edição dos prêmios da Academia não é nada menos que um insulto aqueles que dedicamos nossas vidas e paixão a estas profissões", indicou a carta aberta.

Em breve declaração, no entanto, a Academia garantiu agora que "ouviu o feedback de seus membros [...] e que todas as categorias serão apresentadas sem edição, no formato tradicional". Dessa maneira, as 24 categorias serão contempladas ao vivo. Alfonso Cuarón, cujo filme "Roma" tem dez indicações, inclusive de melhor fotografia, que ele assina, chegou a afirmar que essa medida marginalizaria agentes fundamentais da sétima arte. "Na história do CINEMA foram feitas obras-primas sem som, sem cor, sem história, sem atores e sem música. Não existe nenhum filme sem CINEMAtografia [fotografia, em espanhol] e sem edição", escreveu Cuarón no Twitter.

Lee, cujo filme "Infiltrado na Klan" concorre em seis categorias, inclusive melhor direção, também expressou suas críticas. "Como diretor, sem meu diretor de fotografia, editor, maquiador e estilista, não há película", disse, sugerindo que a produção da cerimônia deveria "se desfazer de números musicais" para cumprir a meta das três horas.

Sem mestre de cerimônia

Pela primeira vez em 30 anos, a cerimônia ficará sem apresentador, uma vez que o comediante Kevin Hart decidiu abandonar o papel de mestre de cerimônias, após ser alvo de críticas por tuítes homofóbicos de alguns anos atrás.

Especialistas da indústria concordam que a Academia é a única culpada por sua gestão ruim de escândalos recentes, justamente quando a organização pensou que tinha superado a tormenta dos #OscarSoWhite (#OscarTãoBranco). "Eles não transmitem a mensagem dessas mudanças que estão tentando fazer de forma apropriada", disse Anne Thompson, editora do blog de cinema IndieWire. "Na realidade, não parecem entender como funcionam as relações públicas atualmente, são uma grande corporação que deveria saber como lidar com essas coisas".

Pela primeira vez em 30 anos, a cerimônia ficará sem apresentador, uma vez que o Kevin Hart decidiu abandonar o papel de mestre de cerimônias. Hart desistiu do show em dezembro, devido a uma onda de críticas nas mídias sociais gerada pela divulgação de uma série de tuítes homofóbicos que ele publicou anos atrás. Especialistas na indústria disseram que os produtores da 91ª Cerimônia de Entrega dos Prêmios da Academia planejam experimentar um novo formato, com uma seleção de celebridades de apresentando vários segmentos do show. A última vez em que o Oscar transcorreu sem apresentador remonta a 1989, quando o ator Rob Lowe virou alvo de duras críticas pelo dueto musical que fez com a personagem Branca de Neve.

'Roma' e 'A favorita' lideram indicações

"Roma", longa mexicano dirigido por Alfonso Cuarón, e "A favorita", do grego Yorgos Lanthimos, são os campeões de indicações ao Oscar 2019. Cada um concorre em dez categorias - "Roma" entrou nas de melhor filme e melhor filme estrangeiro. Primeiro filme da plataforma de streaming a ser indicado ao Oscar de melhor filme, "Roma" representa a grande vitória da Netflix nesta edição. A empresa fez uma intensa campanha de marketing para emplacar o filme em várias categorias - teria gasto entre US$ 10 milhões e US$ 20 milhões para promovê-lo.

Além disto, outra produção da Netflix foi bem indicada. "A balada de Buster Scruggs", dos Irmãos Cohen, recebeu três indicações. "Pantera Negra" se tornou o primeiro filme de super-heróis a ser incluído na disputa de melhor filme. "Nasce uma estrela" recebeu oito indicações - mas Bradley Cooper não entrou na disputa de melhor diretor. Já "Green Book - O guia", que vem levando vários prêmios, recebeu cinco indicações.

Divulgação - As extraordinárias atrizes Rachel Weisz e Olivia Colman, em cena do bem cotado filme "A favorita"
Divulgação - "Roma", drama do cineasta mexicano Alfonso Cuarón
Divulgação - Rachel Weisz e Olivia Colman em "A favorita"
Divulgação - Spike Lee dirige cena de "Infiltrado na Klan"
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Oscar 2019