“Amigos para sempre (The upside)” é uma refilmagem americana do sucesso francês “Intocáveis (2011)”. Títulos diferentes não tornam a versão atual nem um pouco melhor do que a original. As motivações de refazer uma obra quase cena por cena vou deixar para os cinéfilos e críticos estadunidenses responderem com mais propriedade.
Ambos começam com um aviso de que se trata de uma obra baseada numa história real. Liberdades já haviam sido tomadas com “Intocáveis”, ao trocar a etnia árabe do cuidador por uma africana, mas aparentemente essa alteração e qualquer outra feita à época foi incapaz de impedir o frescor e vigor de uma produção que mostra o laço que é criado entre dois homens, sem nenhum interesse escuso ou sexual.
A produção americana consegue colocar mais piadas e oferecer boas interpretações. É bom frisar que não são ruins, mas na inevitável comparação Bryan Cranston e Kevin Hart estão longe das atuações memoráveis e tocantes de François Cluzet e Omar Sy. A trama que gira em torno de um tetraplégico que escolhe um improvável cuidador é uma mistura de biografia, drama e comédia. O diretor Neil Burger (“Divergente”) e os roteiristas pouco fizeram para incrementar a trama de “Amigos para sempre”. Não existe nenhum arroubo de criatividade ou ousadia. Ficam limitados aos mesmos estereótipos e mudança de locações. O tetraplégico Phillip (Cranston) continua aceitando bem a sua situação e sua milionária condição, a atuação de Hart como cuidador vira mais clichê, porém ganha uma compensação pela habilidade cômica de um profissional acostumado ao humor, inclusive de stand-up.
O resultado final não é desagradável, para quem não assistiu à versão francesa, mas é mediano e fica abaixo do potencial que poderia ter sido atingido e foi obtido oito anos atrás.
Regular - **
* Assistente de direção e jornalista